O Mediterrâneo de Vidal de La Blache, de Larissa Alves de Lira

O entendimento do mundo está em todo lugar, mas há sempre lugares a partir dos quais se busca entender melhor e, quem sabe, explicá-lo.

O Mediterrâneo é, sem sombra de dúvidas, um desses lugares desde onde se buscou essa explicação no mundo contemporâneo em seu duradouro e dialético movimento, nos câmbios e permanências, ausências e presenças, processos cruzados e distantes do tracejado fácil das linearidades retilíneas.

O antigo mar interior, de algum modo, ocupou aquela situação no mapa da epistemologia das ciências humanas a partir da qual, e sem a qual, não se explica outros endereços no âmbito do pensamento geográfico e da história da humanidade.

O Mediterrâneo de que trata Larissa Lira atravessa muitas águas disciplinares para se pôr como esse mar-de-método e traduz uma navegação nem sempre tranquila por temáticas que versam sobre circulação, civilização e cultura. Por fim, mas não menos importante, além do bojador e da linha de costa, o que verão os leitores em geral e, em particular os historiadores, é que Braudel só viu mais longe porque estava sobre os ombros de Vidal. (Manoel Fernandes de Sousa Neto)

Sobre a autora: Larissa Alves de Lira é bacharel em Geografia pela Universidade de São Paulo. Em 2012 obteve o título de mestre pela mesma universidade tendo realizado parte de sua pesquisa na França, em convênio com a Université Paris- Sorbonne (Paris IV). Desde a graduação, desenvolve pesquisas na área de História da Geografia, com foco na relação entre a história e a geografia.

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SUMÁRIO:

Prefácio - 17
Paul Claval 

Introdução - 19

Capítulo I. Vidal de la Blache à luz dos recursos da história social das ideias e da história das permanências - 25
O Mediterrâneo - 34
História social das ideias vidalianas acerca do Mediterrâneo - 40 
Uma história das permanências: o movimento lento da constituição das ideias científicas - 47
A história das ideias: o retorno ao passado e os esforços de coerência - 52

Capítulo 2. Vidal de la Blache à luz dos recursos da história social da Geografia - 59
Sociologia da ciência e círculo de afinidades: a relação com os historiadores como uma das estratégias de institucionalização da Geografia vidaliana - 60
A força da circulação na teoria lablachiana a partir do contexto - 67
Geografia da ciência: as geopolíticas do conhecimento na regionalização do Mediterrâneo -  72
Lugares e ideias vidalianas negligenciadas pela historiografia da Geografia clássica: a história, a circulação e o Mediterrâneo - 79

Capítulo 3. Vidal historiador: a noção de tempo geográfico a partir do Mediterrâneo de Vidal de la Blache - 91
O Mediterrâneo antes de Vidal: a “invenção científica do Mediterrâneo” - 93
Percursos da institucionalização da Geografia: a formação, o ingresso em Nancy e o contato com os historiadores - 99
Vidal como historiador erudito: o doutorado em Atenas - 109
A concepção de tempo geográfico do Mediterrâneo de Vidal de la Blache - 116
Novos fatos e novos personagens - 117
Avanços e recuos dos processos históricos - 121
Cronologia dos espaços e das técnicas - 124
Camadas de tempo - 132
A importância da noção de tempo (geográfico) para o determinismo vidaliano - 136

Capítulo 4. Vidal naturalista: a circulação no Mediterrâneo de Vidal de la Blache - 141
O empréstimo dos métodos das ciências naturais em prol da circulação - 146
A circulação dos naturalistas - 153
Diversas concepções que a circulação toma no Mediterrâneo e no pensamento de Vidal de la Blache - 162
O isolamento - 168
A disseminação - 170
Formação das regiões por contiguidade - 174
Formação das regiões por redes - 178
Ritmo lento, pequenas jornadas, meio de transporte arcaico e associação com o solo e o relevo - 181
Ritmo veloz, grandes jornadas, meio de transporte moderno e associação com os rios e correntes - 183
As escalas - 185

Capítulo 5. Vidal político: a 3regionalização do Mediterrâneo de Vidal de la Blache - 191
A Península italiana e o reino da Itália - 192
Península Ibérica e Reinos de Espanha e Portugal - 201
A decadência do Mediterrâneo - 208
O Mediterrâneo do Colonialismo - 216
O Mediterrâneo como espaço de referência - 225

Considerações Finais - 231

Bibliografia - 237

Anexos 
ANEXO A – Tradução. A Península Europeia. O Oceano e o Mediterrâneo - 261
ANEXO B – Tradução. A relação entre as populações e o clima nas costas europeias do Mediterrâneo - 281
ANEXO C – Mapa 4: Italie Politique - 302
ANEXO D – Mapa 5: Italie Physique - 303
ANEXO E – Mapa 6: Espagne et Portgual Politique - 304
ANEXO F – Mapa 7: Espagne et Portugal Physique - 305

Agradecimentos – 307

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