Nossa correspondente informa, de Jan Rocha

Nossa correspondente informa, de Jan Rocha

Marca: Alameda Modelo: 2021 Referência: 978-65-5966-061-2

  • Medida: Altura: 01cm, Largura: 16cm, Comprimento: 23cm
  • Páginas: 508 páginas
  • Peso: 510 gramas

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Nossa correspondente informa, de Jan Rocha

Notícias da ditadura militar brasileira na BBC de Londres é uma lição de história. Entre 1973 e 1985
 
O livro Nossa correspondente informa - notícias da ditadura militar brasileira na BBC de Londres é uma lição de história. Entre 1973 e 1985, a jornalista Jan Rocha foi correspondente da BBC de Londres no Brasil. Com enorme frequência, às vezes com mais de uma notícia por dia, ela traduzia ao mundo o que estava ocorrendo no Brasil, na forma de notas, em geral breves, que iam ao ar em inglês e também eram traduzidas para o serviço brasileiro da rádio britânica.
 
Queimadas, invasão de terras indígenas, perseguição a religiosos, inflação, descontrole cambial, falta de planejamento, saúde pública caótica, sonegação de informações, alteração das regras do jogo político de acordo com as conveniências: o dia a dia da ditadura, mostram notícias de Jan Rocha, simples e diretas, era um verdadeiro inferno. A ideia de quem não fez nada de errado não sofreu durante o período, tão difundida (e falsa, porque se opor ao regime era, sabemos, a coisa certa a se fazer) pelo revisionismo e pelas fake news, se mostra absolutamente equivocada diante da realidade.
 
Quando Jan Rocha começou a colaborar com a BBC no Brasil, em 1973, a luta armada contra a ditadura já tinha acabado, o país estava prestes a entrar na abertura lenta, gradual, porém segura prometida pelo general Ernesto Geisel e seguida pelo seu sucessor, o general João Figueiredo. Mas a repressão ilegal do estado continuava e começava a transformar-se em terrorismo de estado, executado pela linha-dura do exército para tentar impedir a abertura e o retorno à democracia, ao estado de direito.
 
A abertura, também é possível perceber na leitura sequencial das notícias, foi mais lenta do que gradual e segura: foi cheia de solavancos, sobretudo quando a ultradireita deu início a uma série de atentados, ora nitidamente para intimidar opositores, ora para responsabilizar a esquerda, numa guerra de fatos e informações. Esses numerosos atentados, contra a Ordem dos Advogados do Brasil, a Associação Brasileira de Imprensa, o jornal O Estado de S. Paulo, além do conhecido e felizmente malogrado caso do Riocentro, entre tantos outros, nunca foram seriamente investigados. E, ao contrário do que ocorreu com os opositores, que pagaram frequentemente o preço do engajamento político com a própria vida ou longos anos de prisão, a direita explosiva jamais pagou por seus atos de violência, mesmo os executados após a lei da Anistia de 1979.
 
Esta coleção de despachos de Jan Rocha mostra uma profissional exemplar, em que o rigor jornalístico anda lado a lado com a coragem e a sensibilidade humana. Este livro é um exemplo de como é preciso retomar a história da ditadura para além das narrativas oficiais, que minimizam as dores e os sofrimentos da maioria da população.
 
Sobre a autora: Jan Rocha é uma jornalista inglesa e veio ao Brasil em 1969, onde foi correspondente da rádio BBC e do jornal The Guardian. Fundadora da ACE, Associação dos Correspondentes Estrangeiros. Atualmente tem um blog no site do Latin America Bureau onde escreve principalmente sobre política brasileira. 
 

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