Coleção Marxismo na Alameda

Coleção Marxismo na Alameda


Por:
R$ 651,70

R$ 619,12 à vista com desconto Pix - Vindi
ou 3x de R$ 225,94 com juros MasterCard - Vindi

Produtos do kit

Ver todos os produtos do kit
Simulador de Frete
- Calcular frete

Antropologia, Economia e Marxismo

        Uma visão Crítica

Um dos efeitos da ventania neoliberal das décadas de 1980 e 1990, associada por seu turno a uma fase específica do capitalismo recente, e agora em crise, foi o de varrer do mapa acadêmico importantes debate em torno da teoria de Marx. Também no campo da antropologia, a simples menção do seu nome vinha acompanhada por alegações precipitadas e objeções ferrenhas a conceitos em geral mal entendidos.

O livro de Maria Cecília Turatti constitui uma retomada, oportuna aos novos tempos de crítica e crise, dos debates abortados especificamente no caso da antropologia econômica francesa de inspiração marxista. Mas os nomes de Maurice Godelier e de Claude Meillassoux, principais autores estudados, não vêm desacompanhados: eles comparecem como críticos da antropologia nas vertentes formalista e substantivista.

Para compreender a primeira é que o livro começa “construindo o Homo economicus” desde as origens do conceito no pensamento dos economistas clássicos e, mais ainda, dos neoclássicos da Inglaterra do século XIX.

A crítica dos substantivistas às confusões dos formalistas, inevitáveis pela tentativa destes últimos de aplicar o cálculo econômico marginalista ao comportamento humano em sociedades não-capitalistas, é exposta no capítulo 4, para ser em seguida confrontada à crítica mais complexa e radical dos marxistas. Este é o objetivo do capítulo 5, crucial e mais longo do livro. Retorna aqui a crítica da economia política efetuada por Marx e apresentada bem antes, no capítulo 2. Trata-se, contudo, de por ela matizar o esforço teórico de Godelier, marcado pelo estruturalismo de Althusser, e o de Meillassoux, que preferia um aparente trânsito mais livre pelas categorias econômicas.

O fio condutor da relação entre Base e Superestrutura fica agora visível e ajuda a demarcar as limitações dos dois autores – Godelier “pecando por excesso de teoricismo” e Meillassoux, por “excesso de reducionismo econômico”. O que fica, ao final, é a certeza de que os novos tempos propõem novas questões, que os debates devem ser retomados, e as dúvidas, metodicamente enfrentadas.

                                                                             Jorge Grespan

Sobre a autora: Maria Cecília Manzoli Turatti nasceu em Andradas (MG) em 1975. Formou-se em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, onde fez seu mestrado e doutorado em Antropologia Social.


Karl Marx                                                                                                 

A determinação ontonegativa originária do valor

Cotrim reflete sobre um tema atualíssimo: a lei do valor. Durante algumas décadas, o tema parecia estar esquecido num mundo dividido pela polarização ideológica que se seguiu à Revolução Russa.

De um lado, o capitalismo moderno mantinha a lei do valor escondida através da imposição dos preços no mercado governado pelos monopólios. Publicitários mal informados se encarregaram de divulgar uma interesseira inverdade: o valor é dado pelas virtudes impalpáveis da grife e não pelo trabalho humano – afirmação que confundia preço com valor.

De outro lado, no socialismo real, a lei do valor e a produção mercantil eram vistas como realidades transitórias que a realização do comunismo progressivamente cancelaria. Acreditava-se que o valor havia deixado de ser o regulador espontâneo da atividade econômica, ao integrar-se no planejamento racional. A produção mercantil, contudo, continuava a todo vapor e só iria desaparecer com o pleno desenvolvimento das forças produtivas e o ingresso final no comunismo. Como se sabe, a persistência da produção mercantil envenenou as entranhas das sociedades pós-capitalistas, e o descompasso do valor em relação aos preços fixados pela burocracia estatal se encarregou de implodir uma economia a meio caminho entre capitalismo e socialismo. Após o fracasso dessa experiência, o retorno das teses sobre o “socialismo de mercado” apenas complementam a crença das relações mercantis como a forma universal e necessária de intercâmbio entre os homens.

Nas últimas décadas, a lei do valor fez o seu reingresso no debate contemporâneo nas teses sobre “capitalismo cognitivo”, “trabalho imaterial”, “sociedade da informação” etc. Diversos autores ligados ao que eufemisticamente se convencionou chamar de “pós-marxismo” afirmam que o valor não provém mais do trabalho, mas do conhecimento que se materializa nas patentes. Desse modo, saem de cena a indústria, a classe operária e as suas formas tradicionais de luta. O trabalho material dos homens perde relevância sob a regência do “paradigma da comunicação”.

Há algo de verdadeiro nessas teses: de fato, a ciência tende a se transformar na principal força produtiva, tal como Marx prognosticou nos Grundrisse. Mas, trata-se ainda de uma tendência restrita a alguns setores da produção. De qualquer modo, não faz sentido se apegar desesperadamente à lei do valor e, assim, gastar vela com mau defunto.

Esta é a lição que se deve tirar dos ensinamentos de Ivan Cotrim. A lei do valor não é somente um regulador neutro da transação econômica, uma simples medida, pois no momento da troca o que se manifesta é o trabalho abstrato e, com ele, a forma necessariamente alienada da sociabilidade na sociedade mercantil.

Por isso, Ivan Cotrim insiste em afirmar o caráter negativo do valor, sua exterioridade em relação à essencialidade humana. Falar em valor pressupõe sempre trabalho abstrato, alienação, estranhamento. Por essa razão, o autor procura fixar as diferenças entre Marx e a economia clássica, focando a atenção nos momentos iniciais da formação da ontologia marxiana. Unindo um sólido conhecimento com uma invejável competência discursiva, inicia o leitor na densa problemática do valor e de seu desagradável entorno, advertindo-nos contra os “seresteiros desavisados” que insistem em cantar o pretenso caráter universal dessa forma alienada de intercâmbio entre os homens.

Celso Frederico


Trabalho produtivo em Karl Marx

Velhas e novas questões

 

A produção de bens materiais nos dias de hoje depende cada vez mais de processos elaborados por profissionais de quem se exige criatividade e engenho, e não força repetitiva. Quando isso começou a acontecer? Que tipo de trabalho é este? Qual é a sua relação com as formas tradicionais criadas pelo capital? Este livro investiga as esferas da vida social em que a produção e a circulação dos bens se assentam sob novas relações de trabalho, diferentes do modelo clássico do assalariamento. Em muitos casos, o trabalhador recobra certo controle sobre os meios de produção, trabalha para si mesmo e vende apenas seu produto.

Desta forma, Vera Cotrim se debruça sob conceitos marxistas para analisar problemas do mundo contemporâneo, como o trabalho imaterial, da pós Grande Industria ou do neocapitalismo. A pesquisadora mostra como as posições sobre o assunto dividiram os estudiosos. De análises em que se decretava que o capitalismo havia mudado a ponto de se tornar obsoleto os conceitos e argumentos de Marx, aos que concediam que a mudança nas relações de trabalho teriam ocorrido por um desenvolvimento previsto por Marx, uma espécie de Marx além de Marx.

Assim, este estudo de Vera Cotrim, agora transformado em livro, busca voltar a Marx e seus textos para procurar as respostas para as questões dos novos tempos. Marx não é tratado aqui como um tipo de fundador muito homenageado e a seguir esquecido; seu pensamento é fonte ainda de inquietação e se revela muitas vezes mais instigante que o de seus sucessores. O que também não quer dizer que a riqueza dos debates, desde os clássicos do marxismo do começo do século XX até os mais recentes, seja deixado de lado: ao contrário, através deles a autora situa, a todo o momento, a relevância do tema específico abordado, e permite ao leitor também situar-se dentro da tradição de pensamento.


Arqueomarxismo, de Alvaro Bianchi

Comentários sobre o pensamento socialista

Esta obra é dedicada ao pensamento socialista. Sendo assim, o neologismo “arqueomarxista” usa o prefixo “arqueo” para designar o início do marxismo. Assim, os autores aqui analisados – Lenin, Trotsky, Gramsci, Lukács e Benjamin – representam o princípio de uma tradição.

O que Alvaro Bianchi nos traz neste ensaio é a essa combinação de autores em torno do fundamento do marxismo, isto é, da autoemancipação dos trabalhadores. O autor faz um diálogo com Perry Anderson, criador da distinção entre marxismo “clássico” e marxismo “ocidental”. A definição de marxismo “ocidental” seria, de certo modo, oposta àquela dos primeiros marxistas, Lenin e Trotsky. Para o historiador inglês, Lukács, Gramsci e Benjamin seriam os heróis fundadores de uma tradição “pessimista” e “esotérica”, enredada nas tramas da “cultura ocidental”.

Desta forma, Alvaro Bianchi revisitou tanto a obra dos autores clássicos quanto a dos ocidentais a partir de uma preocupação distinta: antes de teóricos da economia, da política ou da cultura, são autores revolucionários. E isso faz toda a diferença. Vitoriosos ou perdedores, os “arqueomarxistas” nunca abandonaram o terreno da revolução socialista.

Esta reflexão, que se faz contemporânea, é a que conduz à renúncia e à acomodação política. Ao contrário do conservadorismo inerente ao classicismo daqueles que identificam na obra desses autores apenas uma rica fonte de ideias, os comentários de Alvaro Bianchi nos arremessam politicamente para fora do reformismo e para dentro do debate estratégico e do socialismo. Provocativamente, ele nos lança na direção do futuro do “arqueomarxismo”.


Marxismo sociológico, de Michael Burawoy

Michael Burawoy notabilizou-se por sua interpretação do fordismo nos Estados Unidos empreendida a partir de sua experiência como operário semiqualificado de uma fábrica em Chicago. Principal referência do debate sobre o processo de trabalho, Burawoy reconciliou a teoria marxista com os estudos etnográficos, superando as interpretações reducionistas da classe operária que não apreendiam o papel da consciência de classe no processo de produção da disciplina fabril.

Apesar do amplo reconhecimento de sua obra dedicada aos operários do sul de Chicago, Burawoy não se deixou acomodar às rotinas acadêmicas. A fim de compreender a reprodução da classe trabalhadora no socialismo burocrático de Estado, lançou-se ao trabalho de campo na Hungria socialista e, posteriormente, na Rússia do período da restauração capitalista. As etnografias do trabalho operário produzidas pelo sociólogo britânico não apenas captaram intimamente o funcionamento do despotismo burocrático como igualmente iluminaram o modo de vida da classe operária soviética no momento de seu ocaso.

Ao longo de sua trajetória como etnógrafo do trabalho, Burawoy passou muito tempo ao lado dos operários em locais tão distantes como, por exemplo, uma mina de cobre em Zâmbia, uma oficina nos Estados Unidos, uma indústria metalúrgica na Hungria e uma fábrica de móveis na Rússia. Simplesmente não há registro na história da sociologia de alguém que tenha trabalhado em tantos continentes praticando o estudo de caso ampliado.

Refletindo sobre essa trajetória muito especial, Michael Burawoy legou-nos não apenas ricos subsídios para reinterpretarmos as grandes transformações que moldaram o atual ciclo de globalização capitalista, como também valiosos ensinamentos a respeito da relação política do conhecimento sociológico com o mundo social. Para tanto, ele recorreu às suas fontes prediletas de imaginação sociológica, ou seja, Frantz Fanon, Antonio Gramsci, Leon Trotsky e Karl Polanyi.

Como o leitor logo perceberá, Marxismo sociológico: quatro países, quatro décadas, quatro grandes transformações e uma tradição crítica é, sem dúvida, um dos mais vibrantes livros de sociologia publicados em todo o mundo nos últimos 20 anos. Um livro capaz de seduzir tanto os que necessitam aperfeiçoar o ferramental de suas próprias investigações quanto os que buscam simplesmente interpretar as antinomias do presente.

Ruy Braga
Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo

 

Michael Burawoy é professor do Departamento de Sociologia da Universidade da Califórnia em Berkeley e autor de, entre outros livros, Manufacturing Consent: Changes in the Labor Process Under Monopoly Capitalism (University of Chicago Press, 1979) e The Politics of Production: Factory Regimes Under Capitalism and Socialism (Verso, 1985). Foi presidente da Associação Americana de Sociologia (ASA), em 2004, e preside, atualmente, a Associação Internacional de Sociologia (ISA).


 

 

 

MARXISMO : CULTURA E EDUCAÇÃO

 FABIO AKCELRUD DURÃO , DANIELA MUSSI , ANDRÉIA PAGANI MARANHÃO ( ORGANIZADORES ) 

 

Este livro reúne trabalhos selecionados do VII Colóquio Internacional Marx Engels, promovido pelo Centro de Estudos Marxistas (Cemarx), da Unicamp, e dois textos originariamente publicados em inglês.

O momento em que surge não é qualquer um. Diante de uma crise generalizada, cujo escopo final é difícil de conceber, as opções de crítica radical parecem estar fora do horizonte de visibilidade das pessoas. Com efeito, para muitos, o marxismo morreu.

Ao invés de uma teoria em funcionamento ou um modo de conceber a sociedade, seria tão-somente objeto de interesse histórico, uma curiosidade de um passado próximo, porém já remoto. Este volume é uma prova do contrário. O que o leitor encontrará nele é um conjunto de textos que em última instância atesta a vitalidade da teoria marxista no âmbito da cultura e da educação, mostrando sua relevância e capacidade de descortinar perspectivas cheias de verdade.

As abordagens aqui são interdisciplinares, mobilizando saberes da filosofia, história, sociologia, literatura e educação; os autores trabalhados vêm tanto da tradição marxista quanto fora dela, incluindo Henri Bergson, Alain Badiou, Paulo Arantes, Roberto Schwarz, Antonio Gramsci, György Lukacs, Carlos Heitor Cony e Antonio Callado.

Os objetos abrangem a lógica de funcionamento da mercadoria no âmbito da cultura, o questionamento filosófico da ´vida´, a análise da experiência cultural brasileira, a crítica literária engajada, o realismo, a indústria cultural no regime militar e a prática educacional do MST – tudo isso está muito distante de uma suposta falta de contato com a realidade que detratores do marxismo tentam impor como consenso.

Talvez o que mais vibre em todos estes textos é a consciência de que o saber é sempre situado, que sempre se dá em um espaço de antagonismo, e que a inteligência não é incompatível com a tomada de partido.
 


Estudantes de sociologia, quando apresentados aos seus “pais fundadores”, Marx, Durkheim e Weber, formam algumas certezas, muitas delas equivocadas. Este livro de Manoela Hoffmann Oliveira vem desfazer de forma brilhante um destes equívocos: corrige a ideia de que Marx não trabalhou na sua construção teórica a categoria de indivíduo. Para realizar este estudo, a autora fez uma leitura rigorosa de vários escritos de Marx, uma vez que a categoria indivíduo na sua ampla significância não está exposta em um único texto ou período da sua produção, mas está disseminada ao longo de toda sua obra, evidenciando-se como um dos elementos fundamentais de sua teoria, a começar porque o indivíduo é central para a perspectiva marxiana do comunismo e da emancipação humana, já que ela implica no livre desenvolvimento da individualidade.

 

            Por meio da análise da atividade humana (trabalho) e de categorias como objetividade, naturalidade, generidade, consciência, sensibilidade, subjetividade e historicidade, a autora demonstra como o indivíduo é articulado no pensamento de Marx, explicitando ao mesmo tempo as categorias determinantes para a constituição da individualidade, esta que existe não somente enquanto polo do ser social, mas configura justamente a sua forma mais elevada. Caminhando pela obra de Marx, o indivíduo é observado tanto nas formações sociais materiais (propriedade privada, divisão do trabalho e classes sociais) quanto nas formações sociais ideais (arte, ciência, religião, moral, política e direito).

 

            O desenvolvimento de cada uma destas categorias e formações sociais abre caminho para explicações até antes impensadas, o que permite a elucidação de realidades contemporâneas e o diálogo com outras abordagens teóricas mesmo que antagônicas. Ao realizar um resgate abrangente e profundo de um clássico tão atual, o presente estudo interessa, portanto, às mais diversas disciplinas das ciências humanas.


Marx na América: A práxis de Caio Prado e Mariátegui
De Yuri Martins Fontes

Erroneamente, Marx foi e ainda é acusado de eurocentrismo. Ao contrário, estudos recentes da sua obra vêm demonstrando que ele jamais pretendeu aplicar os moldes do capitalismo europeu ao restante do planeta, algo que seria, aliás, completamente impossível.

Isso, porém, já era sabido por dois dos maiores intérpretes da história latino-americana, Mariátegui e Caio Prado Jr.. Conhecedores das peculiaridades dos seus respectivos países, eles recusaram explicações “etapistas”, preferindo entender a articulação do Peru e do Brasil na universalidade histórica do capitalismo mundial. E, com isso, inovaram não só no conteúdo, mas também na forma, no método do marxismo de sua época.

São esses aspectos cruciais que o presente livro é muito feliz em destacar. A escolha dos dois autores não é casual e, sim, fruto da intenção clara e profícua de esclarecer, pela comparação, as possibilidades imaginativas e analíticas que o caso latino-americano permite àqueles que ousam não repetir fórmulas. Caio Prado Jr. e José Carlos Mariátegui praticaram um marxismo intelectualmente aberto a todas as teorias que proporcionassem uma compreensão de fato dialética, não mecanicista, dos processos sociais.

Mas o essencial do pensamento dos dois autores, e esse é o eixo do livro que o leitor tem nas mãos, é que conhecer a realidade implica nela intervir em uma transformação radical. Aqui, a teoria dissidente está ligada de modo inseparável à prática revolucionária. É isso que faz o tema deste livro de Yuri Martins Fontes ser mais do que nunca atual.

Jorge Grespan
Professor de Teoria e Filosofia da
História da Universidade de São Paulo

 

Sobre o autor: YURI MARTINS FONTES L. é doutor em História Econômica Contemporânea (USP/CNRS), com formação em Filosofi a e em Engenharia pela Universidade de São Paulo, e pós-doutorado em Filosofia (USP) e História (PUC-SP). Desenvolve atividades como educador, jornalista e pesquisador (trabalhando temas como filosofia política e ética marxista, teoria crítica da história, pensamento latino-americano e saberes indígenas).
 


A valorização capitalista do espaço e a teoria marxista do valor, de Paulo Godoy

A geografia histórica do capitalismo nos dois últimos séculos apresenta-se como um processo social caracterizado por profundas contradições, rupturas e continuidades, nas formas em que a sociedade entabula as relações entre si e com a produção das condições materiais e objetivas de sua existência.

De mero palco das ações humanas, a superfície terrestre torna-se, na sociedade capitalista, objeto de complexas mediações derivadas da reprodução social e dos modos específicos de organização do trabalho historicamente determinados pela lógica da acumulação de capital e valorização do valor.

A universalização da propriedade privada da terra e as sucessivas separações que marcam e caracterizam as relações sociais capitalistas conferem ao espaço geográfico o estatuto de espaço-mercadoria, conteúdo de valor de uso e de valor. Neste sentido específico, sob a ótica das relações capitalistas, pode-se falar em produção e valorização capitalista do espaço mediante a lógica intrínseca de realização dos processos sociais de reprodução da vida humana.

A partir dos escritos de Marx, busca-se fundamentar a análise da espacialidade do capital a partir das categorias trabalho abstrato, valor,  capital fixo, renda da terra, fetichismo e fantasmagoria. O objetivo é trazer para o centro do debate sobre a produção e valorização do espaço as contribuições críticas do marxismo e, particularmente, da teoria marxiana do valor.

Sobre o autor: Paulo Godoy é professor de Geografia da Universidade Estadual Paulista, Campus de Rio Claro, atua nas áreas de Geografia Histórica e História do Pensamento Geográfico.

Deixe seu comentário e sua avaliação







- Máximo de 512 caracteres.

Clique para Avaliar


  • Avaliação:
Enviar
Faça seu login e comente.

Confira os produtos