Flávio de Carvalho, org. de Larissa Costa da Mata
O berço da força poética
Um espectro rondou e ronda o planalto de Piratininga, algumas de suas várzeas, seus arquivos e sua oligarquia do Espírito, missionária desde 1932: o espectro de Flávio de Carvalho.
Como que se condoendo da procissão ameaçada e analisada um ano antes, na Experiência n. 2, papas e cardeais então em ascensão e depois no comando da santa casa grande da cultura e da academia bandeirante orientavam e orientam seu séquito de fiéis a ignorar (quando não destruir) o espectro, rasurar-lhe as aparições, reduzi-lo ao idiossincrático, ao episódico, ao extravagante e ao anedótico, para que beatos e cânones de uma oximoresca vanguarda nacional-edificante fossem e sejam estabelecidos e venerados.
Mas não se destrói ou se silencia um espectro, sobretudo um espectro impetuoso (e também ubíquo), que emerge cada vez mais incontornável de restos materiais cuja simples existência inviabiliza a história oficial da modernidade artística do século XX brasileiro; são ossos do mundo brevemente, ainda fetiches para um futuro totem é o que diria o espectro sobre os ossos por meio dos quais ele pode ser psicoetnografado e ativado.
Por isso tudo, esta coletânea de ensaios, resíduo de um evento acadêmico a propósito de tais ossos, vem a público substituir o espectro de Flávio de Carvalho por mais espectros de Flávio de Carvalho. A hora errada enfim chegou: gênios do deserto do mundo, uni-vos!
Sobre a organizadora: Larissa Costa da Mata é doutora em teoria literária pela Universidade Federal de Santa Catarina com tese sobre Flávio de Carvalho, o modernismo brasileiro e o primitivismo vanguardista e realizou o seu pós-doutorado junto à Universidade de São Paulo. Atuou como professora visitante de português na Universidade de Leiden, Holanda, e como leitora de estudos brasileiros na Universidade de Pequim, na China. Colaborou com o livro Conversas, diferenças, organizado por Júlia Studart (2010), e com o catálogo Flávio de Carvalho Expedicionário (2017), da exposição
de curadoria de Renato Rezende e Amanda Bonan.
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SUMÁRIO:
Prefácio - 11
Eduardo Moreira
Nota importante - 15
PARTE 1
DO LUTO À LUTA: POLITIZANDO AS MASSAS
Manifestações de Junho de 2013 e o despertar da Direita LACERDISTA e da Extrema-Direita Reacionária - 23
Desafios das esquerdas pós-2018: politizando as massas - 51
Mitos sobre o socialismo e comunismo que prejudicam as esquerdas brasileiras - 99
PARTE 2 ÓDIO E AUTOCRÍTICA
A origem do ódio contra as esquerdas - 175
O fantasma do “comunismo” está de volta: o ódio ao Partido dos Trabalhadores (PT) - 195
Por que grande parte da classe média odeia o Lula? - 211
A autocrítica que Lula, Dilma e o PT precisam fazer - 219
NOTA FINAL: AS ESQUERDAS NO MUNDO PÓS-COVID: RENDA BÁSICA UNIVERSAL - 225
[15:35, 16/05/2024] Emanuela Godoy: Prefácio – 7
Larissa Costa da Mata
O berço da força poética: encontros - 15
Notas para a reconstrução de uma escrita perdida - 17
Marcelo Moreschi
Flávio de Carvalho e a máquina celibatária - 43
Larissa Costa da Mata
Flávio de Carvalho: o sequestro - 67
Raúl Antelo
Expedição, experiência: Flávio de Carvalho na selva amazônica - 101
Veronica Stigger
Outros encontros com o artista - 127
Mãe, medusa - 129
Eliane Robert Moraes
Flávio de Carvalho e Gilberto Freyre: a memória, no limiar entre o sonambulismo histórico e a sugestibilidade iconográfica - 141
Ana Luiza Andrade 7
Arquitetura, performance e totemismo – 167
José Tavares Correia de Lira
Observações de um psicólogo voador: história e sobrevivências em Rumo ao Paraguai de Flávio de Carvalho - 201
María Florencia Donadi
Escrituras do arquivo - 247
Nota sobre a transcrição - 249
Mecanismo da emoção amorosa - 251
Rumo ao Paraguai - 255
Na fronteira do perigo - 269
Sobre os autores - 285
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- Medida: Altura: 01cm, Largura: 14cm, Comprimento: 21cm
- Páginas: 316 páginas
- Peso: 450 gramas