Percursos Machadianos, de José Raimundo Maia Neto
“Quando se é muito jovem, não se julga bem; quando velho demais, tampouco. Se não se pensa nisso suficientemente, se se pensa demais, a gente se obstina e se fixa. ... Assim acontece com os quadros vistos de muito longe ou de muito perto. E só existe um ponto indivisível que é o verdadeiro lugar. Os outros ficam perto demais ou longe demais, alto demais ou baixo demais. A perspectiva indica esse ponto na arte da pintura, mas na verdade e na moral quem o indicará?” (Pascal, Pensamentos, La 21)
Como se constitui um observador da vida moral e social? Quais são suas condições existenciais? Qual posição deve assumir para que não esteja nem distanciado demais nem próximo demais? Qual filosofia melhor exprime o ponto de vista do observador? Como o observador pode expressar o que observa? Essas são algumas das questões examinadas nestes Percursos Machadianos. Os primeiros Percursos tratam da constituição deste observador através de uma crítica da abordagem subjetiva das ciências sociais e, depois, no desenvolvimento do romance machadiano. Os últimos são observações de alguns dos principais eventos ocorridos durante o governo Bolsonaro (2019-2022).
Pelo meio deste percurso, análises de personagens de Machado de Assis e as relações entre a sua obra e as principais filosofias difundidas no Brasil na época.
Sobre o Autor:
José Raimundo Maia Neto é professor da UFMG e Pesquisador do CNPq. É autor de The Christianization of Pyrrhonism (Kluwer, 1995); O Ceticismo na Obra de Machado de Assis (Annablume, 2007); Academic Skepticism in Seventeenth-Century French Philosophy (Springer, 2014) e Pierre-Daniel Huet (1630-1721) and the Skeptics of his Time (Springer, 2022).
Sumário:
REFERÊCIAS 11
APRESENTAÇÃO 13
1º PERCURSO: SUBJETO 25
2º PERCURSO: INDIVÍDUO E SOCIEDADE 55
Autenticidade existencial 55
Jacobina 59
Tobias e Matias 64
3º PERCURSO: CARACTERIZAÇÃO DO OBSERVADOR 71
O observador machadiano e o subjeto 71
Homem de espírito: origem do observador 81
Observador defunto 85
Observador casmurro 87
Observador cético 89
4º PERCURSO: FÉLIX E RUBIÃO; PIRRO E FILO 93
Félix 93
Rubião 89
Pirro 106
Filo 124
5º. PERCURSO: FORMA CÉTICA DO DISCURSO LITERÁRIO FICCIONAL 127
O modelo de Pratt do discurso literário ficcional 127
A violação das máximas de modo, de quantidade e de relação por Brás Cubas 129
A problematização das máximas de qualidade por Dom Casmurro 135
A libertação das máximas no Memorial de Aires 142
6º. PERCURSO: RUA DO OUVIDOR 145
A rua do Ouvidor na obra de Machado 145
O narrador encontra a rua do Ouvidor 152
O narrador analisa a vaidade humana na rua do Ouvidor 156
O narrador encontra a própria vaidade na rua do Ouvidor 162
O narrador encontra o seu lugar como observador na rua do Ouvidor 166
7º. PERCURSO: CAPITOLINO 173
Capitolina e Capitolino 173
Fontes sobre Capitolino 181
Tito Lívio 181
Plutarco 183
Maquiavel 185
Montaigne 187
Lafosse d’Aubigny 190
As diversas fontes sobre Capitolino não eliminam o enigma de Capitu 191
8º. PERCURSO: FILÓSOFO-ROMANCISTA- DILETANTE 197
O lugar de Machado no livro Filosofia no Brasil: legados e perspectivas de Ivan Domingues 198
Machado e o ethos do intelectual estrangeirado 200
Memórias filosóficas de Brás Cubas 210
9º. PERCURSO: ESPIRITUALISMO – DARWINISMO SOCIAL – PESSIMISMO – CETICISMO 227
O espiritualismo cousiniano da década de 1860 228
Crise do espiritualismo e presença das novas ideias evolucionistas na década de 1870 232
Crítica ao otimismo e ao darwinismo social das novas ideias na década de 1880 237
O ceticismo nos três últimos romances (1899-1908) 244
Conclusão 252
10º. PERCURSO: CRÔNICAS DO SR. SEMANA DURANTE O GOVERNO BOLSONARO (2019-2021) 255
Pitaco do Conselheiro Aires (20 de maio de 2019) 255
Nota sobre a tentativa de censura das minhas 258
Memórias Póstumas (ficcionalmente psicografada pelo Sr. Semana, 25 de fevereiro de 2020) Impeachment: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come (01 de março de 2020) 260
Entre Simão Bacamarte e Jim Jones (30 de março de 2020) 263
O Segredo do Bozo (20 de abril de 2020) 265
A história do Brasil em três tempos: em memória dos 112 anos da morte de Machado de Assis (29 de setembro de 2020) 269
- Medida: 16 cm x 23 cm x 2 cm
- Páginas: 296 páginas
- Peso: 345 gramas
