ENTREVISTAS COM ROBERT HULLOT-KENTOR
Referência: 978-85-7751-07
Normalmente o gênero entrevista está associado a algo leve, que com facilidade beira o culto à personalidade. Sua precursora foi a conversação, uma forma literária típica do século XVIII que aliava espontaneidade e ironia, subjetividade e regras de polidez.
As entrevistas do presente volume procuram recuperar algo desse impulso, não tanto na igualdade entre os participantes, quanto na insistência de que a forma da conversa não é avessa à profundidade, nem incompatível com a complexidade, nem impermeável a uma postura interrogativa crítica. Neste livro, o leitor encontrará uma combinação realmente rara, pois ele apresenta sofisticadas interpretações culturais e artísticas dos Estados Unidos que remetem imanentemente à totalidade social, e que são discutidas coloquialmente, como se o contato pessoal ainda fosse uma fagulha para se penetrar no espírito de nosso tempo. Para brasileiros interessados em saber como a Teoria Crítica é possível no contexto norte-americano de hoje, será difícil encontrar uma introdução mais apropriada.
Robert Hullot-Kentor talvez seja hoje o maior estudioso de T. W. Adorno nos Estados Unidos. Ele traduziu para o inglês Kieerkegard: A Construção do Estético, Filosofia da Nova Música, Teoria Estética e agora está preparando uma segunda versão da Dialética Negativa, que substituirá a existente. Recentemente editou Current of Music: Elements of a Radio Theory (Suhrkamp, 2006), o terceiro volume da primeira seção das obras póstumas de Adorno, e publicou Things Beyond Resemblance (Columbia U.P., 2006), uma coletânea de seus textos sobre o filósofo alemão. No entanto, chamá-lo de estudioso não é o mesmo que designá-lo um especialista, porque, no caso de Hullot-Kentor, o contato com o principal pensador da Escola de Frankfurt não ocasionou o estreitamento da imaginação crítica em prol de uma mera precisão filológica, mas funcionou como fermento para um pensamento progressista embrenhado no presente, e consequentemente original.