
Eros Alegórico da melancolia e do progresso, de Sandro Roberto Maior
Oswald de Andrade em Os condenados
Este livro trata da trilogia do exílio de Oswald de Andrade. Agrupados em 1941 sob o título de Os condenados, a obra reúne três romances articulados sobre uma unidade estilística, temática e de personagens: Alma, de 1922, A estrela de absinto, de 1927, e A escada, de 1934. É uma trilogia pouco abordada pela crítica, cujos olhares se fixaram na poesia, nos manifestos e nos romances posteriores, Sandro Maio se debruça sobre Os condenados para fazer uma leitura inusitada e original.
Na contramão do interesse dominante da crítica literária, o autor do ensaio sobre Oswald resgata o obscuro romance de estreia do poeta modernista que, desta forma, se abre a uma sensível investigação. Dele se erguerem duas leituras conflitantes acerca da modernidade: uma visão simbólica mantenedora da aura do poeta em contraponto a uma visão alegórica que atravessa a aura do romance com aquilo que há de residual e mercadológico no universo poético.
Tomando como paralelo teórico as obras do sociólogo alemão Walter Benjamin que tratam do poeta francês do século XIX, Charles Baudelaire, e de sua recepção crítica de leitura, Sandro Maio constrói um puzzle com imagens tanto conceituais como técnicas. Assim entram em cena conceitos como reprodutibilidade, ruína, melancolia, autenticidade, experiência, entre outros que se ficcionalizam na obra modernista. São esses conceitos que, simbólica e alegoricamente, ajudam o autor a interpretar a crise da representação entre o ideal romântico da arte e a visão industrial de um herói condenado a carregar uma aura suja de lama.
Sobre o autor: Sandro Roberto Maio possui doutorado em Teoria Literária pela Universidade de São Paulo (2017), mestrado Literatura e Crítica Literária pela PUC-SP (2008), graduação em Letras pelo Centro Universitário Fundação Santo André (2001). Desenvolve pesquisa sobre o modernismo brasileiro, os processos de narratividade e as relações entre literatura e sociedade. Docente do curso de Letras da Universidade Metropolitana de Santos.
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Sumário
Prefácio, por Maria Rosa Duarte de Oliveira - 7
Introdução: Os condenados e as leituras literárias - 13
Cap.1: Aura: ficção do poeta-símbolo - 27
Enredos: a missão do escritor e o curso das leituras simbólicas - 27
O precursor e a aura futurista do Progresso - 47
Crise da representação: experiência crítica das leituras - 57
Cap. 2: A lama da aura: o poeta-alegoria - 75
Benjamin-Baudelaire: alegoria e choque - 75
Modelo Baudelaires: poeta-herói da modernidade - 105
Cap. 3: Modernidade, impasse e ficção - 125
Leitura da modernidade: a voz narrativa e o modelo Baudelaire - 125
A escritura condenada: ficção da modernidade - 146
Os condenados, o tempo do instante - 155
Bibliografia - 161
- Páginas: 166 páginas