Experimentar a metrópole, de Joana Mello de Carvalho e Silva (coord.)

Uma metrópole se faz de milhões de experiências e trajetórias cotidianas que se encontram, se entrelaçam, se atraem e se confrontam. Cada uma é atravessada por marcadores de raça, gênero, classe, religião, sexualidades e tantos outros. Movidas por suas verdades e crenças, elas contemplam desejos, ambições e sonhos de qualidades e alcances distintos. Também estão sujeitas a um lugar específico que a geopolítica e a economia nacionais e globais reservam ao território que aloja essas vidas. 

Se é insuficiente pensar nas trajetórias sem levar em conta o território, as instituições e as estruturas sociais, também é insatisfatória uma análise da metrópole apenas por categorias, descarnada das pessoas que performam rotineiramente as convenções, atualizando-as, desafiando-as e as transformando. Esse exercício é todos os dias o mesmo, mas, ao mesmo tempo, sempre diferente.

Por isso, há algo no nível das trajetórias que lhes dá vantagem interpretativa: é impossível descrevê-las com competência sem levar em conta as instituições, contextos e relações desiguais. O movimento oposto, contudo, não indica o mesmo rendimento: pensar a metrópole a partir de categorias, sem levar em conta as trajetórias, pode ser redutor, implicando em desconsiderar o que não se encaixa na norma.

Este é um livro sobre a metrópole de São Paulo. 

Tratamos aqui da sua construção ancorada nas experiências nela vividas ao longo do século XX. Esse recorte temporal não busca ser rígido, permitindo recuos e avanços aos séculos XIX e XXI quando os fenômenos estudados demandam tais alargamentos. A cidade se fez metrópole no século 20, mas há elementos desse processo, incluindo os sujeitos e as coisas, que começam a tomar forma antes ou que permanecem, adentrando o século seguinte. 

Paula Janovitch

Sobre a coordenadora: Joana Mello de Carvalho e Silva é arquiteta e urbanista e professora da FAU-USP. Atua na área de história e fundamentos de arquitetura e urbanismo modernos.  Autora dos livros Ricardo Severo: da Arqueologia Portuguesa à Arquitetura Brasileira (2007); O arquiteto e a Produção da Cidade: a Experiência de Jacques.

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Sumário:

APRESENTAÇÃO - 11
 

1. Chegar - 17
1.1 Acolher e controlar - 21
1.2 Mudar e imigrar - 24
1.3 Estar de passagem - 28
1.4 Ser discriminado e permanecer - 32
1.5 Vir e ir - 35
1.6 Ascender e mudar - 38
 

2. Escolher - 53
2.1 Encomendar uma casa - 57
2.2 Criar raízes - 61
2.3 Comprar um apartamento - 65
2.4 Abrir um loteamento - 68
2.6 Morar perto do trabalho - 72
2.7 Escolher um ponto - 75
2.8 Mudar de casa e de local de trabalho - 79

3. Morar - 97
3.1 Subdividir e explorar - 102
3.2 Ocupar e subsistir - 107
3.3 Alugar e conviver - 111
3.4 Adquirir e permanecer - 114
3.5 Servir e separar - 118
3.6 Trabalhar em casa - 121
3.7 Viver bem e cultivar - 123

4. Circular - 139
4.1 Calçar e pavimentar - 143
4.2 Vencer os rios - 147
4.3 Extrair areia dos rios - 151
4.4 Ir para o trabalho, voltar para casa - 154
4.5 Subir e descer - 158
4.6 Vender na rua - 161
4.7 Abastecer e Sanear - 164
4.8 Recolher o lixo - 167
4.9 Consagrar - 170

5. Estar - 185
5.1 Nadar nos rios, nas piscinas - 189
5.2 Transformar a natureza - 193
5.3 Comprar na rua - 196
5.4 Celebrar e se encontrar - 200
5.5 Construir uma igreja - 203
5.6 Vigiar as ruas - 207
5.7 Entreter e desviar - 210
5.8 Festejar - 212

SOBRE OS AUTORES - 235