História ambiental no sul do Brasil, de Jó Klanoviez, Gilmas Arruda e Ely Bergo de Carvalho (orgs.)
Apropriações do mundo natural
No Brasil, desde a década de 1980, há estudos que se enquadram como sendo de História Ambiental. Obra clássica nesse sentido, que construiu o grande marco da História Ambiental no país, é a do brasilianista americano Warren Dean, autor de Ferro e Fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira.
O presente livro procura reunir estudos representantes dessa nova geração de História Ambiental no Sul do Brasil, cujo escopo é a apropriação da natureza pelo homem.
O regime de apropriação da natureza é um elemento fundamental para a compreensão da dinâmica de qualquer sociedade. Mas na sociedade ocidental moderna, a apropriação não foi vista como um problema central. Na trilha da economia neoclássica, os elementos naturais eram tomados como uma variável constante que sempre estaria disponível de alguma forma. A questão era onde e quem se apropriaria. O mundo atual coloca o dilema de um esgotamento dos elementos naturais, enquanto a degradação e alteração deles ameaçam a vida humana na Terra. É desse tema instigante que falam os artigos que compõem este volume.
Apesar do livro parecer estar estruturado em temas como uso da terra, águas, florestas, animais e percepções sociais sobre a natureza, não se trata de buscar fazer uma história de cada um desses elementos no Sul do Brasil. Não só porque cada um deles suscita uma multiplicidade de histórias, mas porque nenhum deles pode ser entendido isoladamente. Foi o mundo moderno que procurou simplificar o mundo natural, de forma que cada elemento passasse a ser pensado isoladamente dos demais, até poder ser transformado em uma mercadoria, independentemente das relações estabelecidas com os outros elementos, naturais ou não. O desafio da história ambiental, ressaltado neste volume, deve ser restabelecer os fios da complexidade que conectam terras, águas, florestas, animais e humanos.