A revolta de 1924 em São Paulo - para além dos tenentes, de Maria Clara Spada de Castro
A Revolução de 1924, episódio que causou profundos estragos na capital paulista, particularmente nos bairros operários, nunca recebeu da historiografia a devida importância.
Trata-se do evento que colocou em cheque o modelo político do liberalismo oligárquico, antecipando a Revolução de1930. Foram mais de três semanas de combates e de ocupação da cidade pelas forças rebeldes.
Os seguidos bombardeios efetuados pelas tropas legalistas do governo federal para retomar o controle de São Paulo provocaram centenas de mortos, além de milhares de feridos, quase todos civis. Um dos maiores, senão o maior massacre urbano da Primeira República.
No entanto, a revolta permanece praticamente ignorada do grande público. O trabalho de Maria Clara Spada de Castro dedica-se a esmiuçar os diferentes agentes envolvidos nessa revolta. Utilizando-se principalmente de fontes do Judiciário, desmonta-se a ideia consagrada de uma revolta de tenentes.
No decorrer das páginas deste livro, os atores sociais vão sendo apresentados ao leitor. Há tenentes e outros oficiais, evidentemente, mas o que se percebe é o forte apelo popular da revolta. A população torna-se visível: soldados negros, o operariado paulistano, a participação feminina, civis voluntários, nacionais e estrangeiros.
São Paulo foi uma cidade de imigrantes e essa pluralidade de atores envolvida é o grande diferencial dos acontecimentos de 1924 e da narrativa apresentada neste livro.
Carlo Romani
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.
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A partir de vasta pesquisa documental, de rico diálogo crítico com a bibliografia e manejando com habilidade as ferramentas da História Social e da História Política, este livro apresenta aos leitores uma análise original e inovadora da Revolta de 1924 em São Paulo.
Relativizando o protagonismo absoluto dos tenentes, a autora enfatiza a participação ativa de civis, brasileiros e estrangeiros, pessoas comuns cuja ação foi fundamental para a ocorrência do movimento.
Numa narrativa envolvente de muitas histórias, revelando uma grande pluralidade de sujeitos, motivações e expectativas, numa complexa rede de relações e conexões que evidenciam as diferenças de classe, raça e gênero que atravessavam a sociedade brasileira, a pesquisa nos mostra a configuração de várias revoltas no interior do movimento, no contexto da efervescência política e do intenso desejo de mudança que caracterizaram os anos 1920.
Edilene Toledo
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
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Sobre a autora: Maria Clara Spada de Castro é doutora em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRRJ), mestra, bacharela e licenciada em História pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e professora de história na rede pública.
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Sumário:
Prefácio 11
Introdução 15
Cap. 1 – O tenentismo e a revolta de 1924 29
São Paulo no fogo cruzado 32
O Processo 68
“Tenentismo” 79
Cap. II - Civis Nacionais 103
Movimento operário 106
Saques e incêndios 117
A revolta no feminino 126
A burguesia paulista 140
Cap. III – Estrangeiros 149
Batalhões Estrangeiros 152
Sociabilidades em revolta 162
Os “mercenários” estrangeiros 185
Cap. IV – Sargentos 191
Sargentos negros 194
Promoções e conexões 207
Pelo interior do estado de São Paulo 223
Cap. V – Oficiais 247
De 1922 a 1924: as redes e ideais no Exército 250
Redes e motivações da Força Pública de São Paulo 277
Vigilância, prisões e punições 294
Considerações finais 311
Lista de quadros e figuras 323
Lista de abreviações 325
Anexos 327
Arquivos 355
Livros de memórias e publicações do período 361
Sites utilizados 365
Bibliografia 369
Agradecimentos 389
- Páginas: 392 páginas
- Medida: Altura: 02cm, Largura: 16cm, Comprimento: 23cm