Este livro traz um estudo da formação da coligação de resistência às interferências da política colonialista portuguesa organizada por chefes das principais sociedades do norte de Moçambique, no final do século XIX. O principal objetivo da coligação era a preservação da autonomia política, ameaçada pelas iniciativas de ocupação territorial e pela instituição de mecanismos coloniais, como o controle do comércio e da produção de gêneros agrícolas, a cobrança de impostos e o trabalho compulsório. Os participantes da coligação estavam inseridos num complexo de interconexões gerado pelas múltiplas relações estabelecidas por meio dos "espaços" políticos, culturais, religiosos e de trocas comerciais, que envolviam não apenas as sociedades islâmicas da costa, as do interior e as do "mundo suaíli", com o sultanato de Zanzibar, as ilhas Comores e Madagascar. Essas relações eram definidas pelo parentesco, pela doação de terra, pela religião islâmica e pelos contratos comerciais. Essas conexões facilitaram a formação da coligação de resistência no final do século XIX.