Estilo Avatar, de Petrônio Domingues

Nestor Macedo e o populismo no meio afro-brasileiro

Estilo Avatar, de autoria de Petrônio Domingues, tenta resgatar um pedaço da história política e social do negro até então desconhecida na literatura contemporânea do Brasil pós-escravidão. O que o historiador faz neste livro é uma espécie de escavação arqueológica. Ele desenterrou o artefato esquelético de Nestor Macedo e da agremiação Ala Negra Progressista – ANP, para, através dele, resgatar esse pedaço da história social do negro que teria ficado definitivamente adormecido, a fim de colocá-lo à luz do conhecimento e à consciência de todo um movimento de pensamento que abarca o processo de construção da identidade coletiva do negro e a justiça histórica. O autor aponta a versatilidade da ANP e sua capacidade em estabelecer alianças e negociações com várias forças políticas, por um lado, e elucida a aproximação do movimento populista com a agremiação e a população por ela representada, sem exigir que ela abrisse mão das reivindicações em benefício de sua comunidade e de suas lealdades raciais. A leitura da obra, além de colocar a nu minha ignorância sobre o personagem histórico Nestor Macedo e sua agremiação “Ala Negra Progressista”, levanta várias questões cuja reflexão acrescenta ao nosso incompleto conhecimento da história social e política do negro no Brasil pós-abolição. Li-o atentamente, gostei e o recomendo para as pessoas que como eu gostariam de redescobrir a cada dia esse pedaço de “nossa” história ainda não registrada.

Kabengele Munanga

Professor titular do Departamento e Antropologia da Universidade de São Paulo/ Professor Visitante Sênior da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Sobre o autor:  Petrônio Domingues é doutor em História (USP), pesquisador do CNPq e professor associado da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Autor dos livros Uma história não contada: negro, racismo e branqueamento em São Paulo no pós-abolição (Senac), A nova abolição (Selo Negro) e Da nitidez e invisibilidade: legados do pós-emancipação no Brasil (Fino Traço), este último em parceria com Flávio dos Santos Gomes.