Historiografia, morte e imaginário, de Douglas Attila Marcelino
Estudos sobre racionalidades e sensibilidades políticas
A primeira parte deste livro analisa obras historiográficas que tratam do tema da morte aproximando-se de um enfoque no imaginário, nas formas de racionalidade e sensibilidades políticas. Obras como as de Jean-Pierre Vernant, François Hartog, Nicole Loraux, Jean-Claude Bonnet, Reinhart Koselleck, Fernando Catroga, Emmanuel Fureix e Jacques Julliard tornam-se relevantes para pensar a historiografia como forma de dar sentido ao passado uma vez que tematizarem condicionantes fundamentais da vida humana, relacionando a morte com uma análise do fenômeno do poder.
Por meio desses estudos, é possível refletir não apenas sobre o sentido existencial que faz da historiografia parte do esforço de eternização inscrito na memória, mas também sobre suas fundamentações epistemológicas, que a tornam integrante de regimes de verdade marcados por critérios mais ou menos acentuados em termos de exigências de racionalidade discursiva.
Estabelecendo um diálogo entre a historiografia e enfoques provenientes da antropologia, da filosofia política e da teoria literária, a segunda parte desde livro permite problematizar uma forma determinada de compreensão das relações entre os temas do poder, do imaginário e da representação histórica, conduzindo à interrogação que estrutura o livro: seria possível pensar a historiografia como condicionada pela relação entre uma “poética da ausência” (Catroga) e uma “poética do saber” (Rancière)?
Sobre o autor:
Douglas Attila Marcelino é professor de Teoria da História/Historiografia na UFMG desde 2013. Sua tese de doutorado (PPGHIS/UFRJ 2011) recebeu o Prêmio de Pesquisa Anpuh-Rio Eulália Maria Lahmeyer Lobo 2012 e deu origem ao livro O corpo da Nova República: funerais presidenciais, representação histórica e imaginário político, vencedor do Prêmio Literário Biblioteca Nacional 2016 na modalidade Ensaio Social - Sérgio Buarque de Holanda. Sua dissertação de mestrado (PPGHIS/UFRJ 2006) foi a primeira colocada no Prêmio Arquivo Nacional de Pesquisa 2009 e publicada em 2012.
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Sumário
7 Nota explicativa
11 Introdução
15 Prefácio: Sobre o saber da ausência ou das formas da poética
37 Parte I: Culto dos mortos e escrita da história na ordem do tempo
39 Estudos sobre a Antiguidade: representações do poder, imaginário político e narrativa histórica em Vernant, Loraux e Hartog
53 Estudos sobre a Modernidade: Iluminismo, morte violenta e ritualizações da história em Bonnet, Koselleck e Catroga
89 Sobre os funerais públicos, emoções e afetividades políticas nos séculos XIX e XX: Emmanuel Fureix e Jacques Julliard
97 Parte II: Sobre o culto dos mortos em perspectiva interdisciplinar: história, antropologia, filosofia política e poética do saber
99 Ritual político e a representação histórica: o “retrato do rei” de Louis Marin e o problema do elogio na época moderna
109 A morte do rei e a “poética do saber” de Jacques Rancière
119 Sobre a morte em Michelet e o problema da democracia: diálogos críticos com Claude Lefort e Pierre Bourdieu
129 Considerações finais: entre uma “poética da ausência” (Catroga) e uma “poética do saber” (Rancière)?
135 Referências bibliográficas
