Intelectuais, militares, instituições na configuração das fronteiras brasileiras (1883-1903), de Luciene Pereira Carris Cardoso
Resultado de uma aprofundada pesquisa, a obra ora apresentada examina o processo de demarcação das fronteiras brasileiras entre 1883 e 1903, com destaque para os casos da Argentina, da Guiana Francesa e da Bolívia. A resolução de antigas pendências com os nossos vizinhos latino-americanos derivou de um longo processo, até então considerado pacífico, apesar dos registros de violência nas faixas de fronteiras.
Embora esse estudo já tenha sido alvo de investigações anteriores, a autora, de forma original, examina a participação do Barão do Rio Branco na consolidação da territorialidade brasileira, bem como evidencia a contribuição dos trabalhos das comissões brasileiras demarcatórias criadas para tais fins e de cientistas, militares e intelectuais nacionais e estrangeiros.
O estudo do processo de demarcação das fronteiras constitui um interessante campo de investigação para se compreender as relações estabelecidas entre a política, a diplomacia, a opinião pública e os conhecimentos científicos empregados, entre outros aspectos. Além disso, o assunto se estendia do Parlamento e da Chancelaria brasileira para outros espaços como jornais de grande circulação e instituições
científicas e culturais.
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O processo de demarcação das fronteiras brasileiras envolveu a controvérsia de suas reais localizações e das diferentes designações que recebeu pelas metrópoles espanhola e portuguesa no período colonial, constituindo alvo de inúmeras disputas e debates posteriores. Além da condução diplomacia, o conhecimento científico (astronomia, geodesia, geografia) teve um papel fundamental na definição das nossas fronteiras.
Não podemos ignorar a participação de indivíduos, muitos desconhecidos, que sacrificaram suas vidas na defesa dos interesses nacionais. Os litígios de fronteiras serviram para estimular sentimentos patrióticos, atraindo a participação de personalidades do cenário intelectual e político, bem como de instituições cientificas e culturais nestes debates.
Habilmente, José da Silva Paranhos Junior, o Barão do Rio Branco, resolveu antigas pendências fronteiriças. Na elaboração das defesas nos casos da Argentina, da Guiana Francesa e da Bolívia, examinados nesta obra, Rio Branco promoveu uma alentada pesquisa documental nos arquivos europeus e uma intensa troca epistolar com intelectuais brasileiros e europeus, que de uma maneira ou de outra, nos legaram contribuições originais sobre o território nacional.
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Sobre a autora: Luciene Pereira Carris Cardoso é mestre e doutora em História pelo Programa de Pós-Graduação em História Política da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Realizou seus estudos de Pós-doutoramento no Laboratório de Geografia Política, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.
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Sumário:
Apresentação - 7
Introdução - 9
Capítulo 1 - Ideologias geográficas e a integridade territorial em fins dos Oitocentos
Capítulo 2 - Uma sociedade geográfica nos trópicos e um projeto de nação - 17
O Barão do Rio Branco e a Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro - 29
Capítulo 3 - A questão de Palmas e o advento de um novo regime político - 49
Capítulo 4 - Os colaboradores franceses do Barão do Rio Branco - 81
Capítulo 5 - Militares, diplomatas e cientistas no Contestado Franco-Brasileiro - 107
Capítulo 6 - Polêmicas fronteiriças e o imaginário territorial: o caso da Bolívia - 139
Conclusão - 173
Fontes básicas - 177
Referências bibliográficas - 179
Agradecimentos - 189
- Páginas: 190
- Medida: Altura: 01cm, Largura: 16cm, Comprimento: 23cm