
José Ibrahim - O líder da primeira grande greve que afrontou a ditadura, de Mazé Torquato Chotil
"José Ibrahim, coerente com seu passado de enfrentamento ao regime militar, contra quem teve papel destacado na organização das primeiras greves em 1968, muito contribuiu para o processo que resultou na formação da CUT - Central Única dos Trabalhadores e do PT - Partido dos Trabalhadores, vindo posteriormente a optar por outros caminhos sindicais e partidários. Assim que retornou do exílio de longos dez anos, somou conosco em inúmeras paralisações, manifestações e protestos nos 1º de Maio. Como presidente da CSI - Confederação Sindical Internacional, posso atestar que seu nome faz parte da bela trajetória de lutas e conquistas do sindicalismo brasileiro e mundial."
João Antônio Felício, Presidente da CSI em 2017 e da CUT de 1997 à 1999.
"A greve de Osasco, embora ainda tenha sido o último movimento de resistência ao golpe e não a abertura de um novo ciclo de ascenso, despertou em nós muitas esperanças de uma retomada de lutas. Quando foi discutida a lista dos presos a serem trocados pelo embaixador Charles Elbrick, seu nome foi dos primeiros a serem lembrados."
Cid Benjamin, participou do sequestro do embaixador norte-americano. Foi preso e exilado.
Se não houvesse Osasco de 1968, não haveria o ABC de 1978. Sinalizamos um caminho que o movimento sindical tinha que brigar pela resistência contra a ditadura, pela democracia. Esse foi o grande legado. Tanto é que durante todo o período da resistência a grande referência era a greve de Osasco e acho que hoje, para muita gente dentro do movimento sindical, a greve de Osasco é o grande marco.
José Ibrahim
O Zé precisa ser lembrado por três motivos: ter batalhado pela Co missão de Fábrica da Cobrasma, ter feito a greve, ter sido preso, tortura do e cassado. Na volta, contribui para a redemocratização e ajuda a criar o PT e a CUT. O segundo motivo é sua inteligência. Nasceu com o poder da oratória. Podia, depois de ter tomado um porre no dia anterior, fazer no dia seguinte uma intervenção maravi lhosa. O terceiro motivo é seu caris ma. Numa reunião onde tinha gente se disputando, ele começa a falar e a tensão se acalma e a discussão pode continuar face a uma assembleias de 500 ou 1.000 pessoas.
Fábio Colella, amigo e assessor
Sobre a autora: Mazé Torquato Chotil é jornalista, pesquisadora e doutora em ciências da informação e da comunicação pela Universidade de Paris VIII e pós-doutora pela EHESS. Nascida em Glória de Dourados-MS. Vive em Paris desde 1985. É autora de Trabalhadores Exilados: a saga de brasileiros forçados a partir (1964-1985), Lembranças do sitio, Lembranças da Vila, Minha aventura na colonização do Oeste, e de Minha Paris Brasileira, em português. Em língua francesa é autora de L’Exil ouvrier e Ouvrières chez Bidermann : une histoire, des vies.
Sumário:
Agradecimentos - 9
Depoimentos - 11
Introdução - 17
I. A construção do homem - 21
Caçula de onze filhos
Os pais
O lugar
Os primeiros anos na empresa: estudante e operário
A militância
O sindicato
Grupo de esquerda de Osasco
Os irmãos, os amigos, as namoradas, o lazer
Golpe de 1964: a empresa, a cidade e os secundaristas
Organizar a resistência, retomar as lutas
A Comissão de Fábrica
Uma virada à esquerda
Na presidência do sindicato
O MIA 1° de maio 1968: a greve e a intervenção
A preparação da greve
Chamada à solidariedade
O dia D
A greve continua
A clandestinidade e a militância na VPR
À procura dos militantes
A prisão
A procura do filho
II. O exílio - 149
Os anos cubanos: treinamento, trabalho e amor
No Chile
No Panamá
Na Bélgica
Visitas
Na capital
GAOS – Grupo de apoio à oposição sindical
Próximos da volta: uma luz no fim do túnel
III. A volta - 195
Volta à luta: Osasco e ABC
Formando os trabalhadores
Na criação do PT
Na criação da CUT
No PDT
Na Força Sindical
Pai novamente
Instituto Ibrahim
No Partido Verde
Na UGT
Na CNV
A morte do homem, do militante, do resistente
Bibliografia - 257