Hugo Chávez em seu labirinto
O Movimento Boliviariano e a política na Venezuela
A Venezuela de Chávez tem sido tema constante na grande imprensa brasileira, geralmente em matérias de tom depreciativo a seu governo. Já os partidários do presidente ocupam espaço em publicações alternativas, raramente com alguma crítica de fundo ao “socialismo bolivariano”. Contudo, ainda são poucas as análises aprofundadas sobre o assunto.
Este livro vem preencher uma lacuna nos estudos brasileiros sobre a América Latina. Com base em ampla bibliografia e numa pesquisa de campo que envolveu longa visita à Venezuela, o autor explica com clareza, talento e competência as origens sociais e políticas do bolivarianismo e do chavismo, seus dilemas e perspectivas.
Remonta à ascensão da democracia representativa na Venezuela, após a queda do ditador Pérez Jiménez. Constituiu-se então uma “hegemonia duradoura”, fundada economicamente na exploração do petróleo, que permitiu articular diferentes forças sociais e políticas. Ela se baseava no Pacto de Punto Fijo, de 1958, organizado pelos dois partidos mais destacados, a AD e o COPEI. Social- democratas e democratas cristãos revezaram-se no poder até a crise que levaria à eleição de Chávez, que assumiria a presidência em 1999.
Para compreender o fenômeno Chávez, Flávio Mendes retoma criticamente o conceito de populismo, que não daria conta da complexidade do tema. Busca a explicação no “processo de crise orgânica que afetou a sociedade venezuelana no início dos anos 1980”. A crise de hegemonia fi caria evidenciada na revolta popular de 1989, conhecida como Sacudón ou Caracazo. Desse processo social conturbado surgiriam a liderança do tenente-coronel Chávez e o movimento bolivariano.
O autor centra-se nos anos 1980 e 1990, mas não recua diante do desafio de pensar o presente, em que a sociedade venezuelana se encontra polarizada entre apoiadores do governo e de uma oposição diversificada, a colocar o país numa situação de impasse. A obra fornece um fio que ajuda o leitor a situar-se no labirinto da Venezuela contemporânea.
Marcelo Ridenti
Professor titular de Sociologia no IFCH/Unicamp
Sobre o autor: Flávio da Silva Mendes é graduado em Ciências Sociais pela FFLCH/USP e doutorando no programa de Pós- -Graduação em Sociologia do IFCH/Unicamp, onde também realizou a pesquisa de mestrado que deu origem a este livro.
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SUMÁRIO:
Lista de abreviaturas e siglas – 9
Lista de tabelas e figuras - 11
Prefácio: Exceções típicas - 13
Introdução – 25
1. A democracia venezuelana – 35
Origens da democracia - 37
1945-48: um breve ensaio - 53
Dos primeiros passos à “Grande Venezuela” - 70
A grande crise - 85
A crítica mais radical: o Caracazo - 96
2. O Movimento Bolivariano e a literatura sobre o populismo - 115
Os militares voltam à cena - 117
As raízes do MBR-200 - 125
De volta ao populismo? - 149
3. Dos quartéis a Miraflores - 171
A esquerda venezuelana no final do século XX - 175
O povo, o líder e a política - 191
Um país entre duas agendas – 205
A vitória nas urnas - 216
Um movimento nacional-popular? - 229
4. A luta de classes na Venezuela do século XXI - 243
Um país dividido - 245
Além dos dois polos - 264
A Venezuela pós-desmanche - 279
Referências bibliográficas - 291
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- Medida: Altura Selecionar Altura: 02cm, Largura: 14cm, Comprimento: 21cm
- Páginas: 302 páginas
- Peso: 370 gramas