
Variadas são as razões para o justificado realce que a historiografia brasileira tem alcançado nos últimos tempos. Durante elas, assinalem-se a consulta mais detida aos conjuntos e acervos documentais e a especial atenção para com determinadas temáticas até agora pouco contempladas ou mesmo desenhadas. Nesse horizonte, a história eclesiástica adquire novo estatuto e torna-se objeto de problematização mais densas e aliciantes. Afloram trabalhos dedicados à análise das estruturas institucionais que não se atêm à transcrição documental com considerações sumárias em torno dos textos regimentais e reguladores.
Felizmente, e de maneira enriquecedora, têm surgido opções pela compreensão, por exemplo, da quase sempre complexa dinâmica e, sobretudo, do não menos insidioso funcionamento das instituições. Este livro ilustra qualificativamente - e como poucas outras obras o novel cenário.
Igreja Católica e Santo Ofício, instituições distintas, mas que atuam com redes de agentes próprios. Não se excluem, no entanto, os entrelaçamentos e complementaridades entre as duas instituições. Cumpre, assim, perceber como as estruturas eclesiásticas subsidiavam e, por decorrência, legitimavam os propósitos e as operações da Inquisição na América portuguesa. Ao identificar detalhadamente os protagonistas desse processo, o modus faciendi dos provimentos deles nos benefícios do padroado da Ordem de Cristo, e, ainda, suas correlações com os mecanismos de estruturação das hierarquias sociais.