It's all true, de Márcia Juliana dos Santos
O que dizer de um filme gestado e iniciado nos turbulentos anos de 1940, que permaneceu perdido por um intervalo de 40 anos e que ressurgiu reconstruído, finalmente montado, cinco décadas depois?
Mais do que nos contar sobre o processo de produção e de remontagem de It´s all true, projeto inicial de Orson Welles, Márcia Juliana, como boa historiadora que é, nos conta dos contextos, dos discursos e dos vários sujeitos envolvidos na trama, que se inicia nos anos de 1940 e a se arrasta até os anos de 1990.
Costurando toda a complexidade dessa engrenagem – que envolvia, numa mesma rede, projeto pessoal e profissional do genial diretor Orson Welles, interesses do governo americano em tempos de guerra, objetivos comerciais da empresa cinematográfica americana RKO e as ambiguidades do governo brasileiro, marcado pela ditadura e pela política trabalhista e nacionalista, além da morte do líder dos pescadores, Jacaré, em plena filmagem, a descoberta das latas com negativos do filme perdido nos anos de 1980, a morte de Welles, e o processo de montagem de It´s All True – a autora persegue com seriedade os “mares” tortuosos da memória, que se pretende história, produtora de imagens diferenciadas e contraditórias do Brasil.
Que Brasil enxergou Welles quando, espantado, soube que uma rústica jangada atravessava os mares atlânticos brasileiros para “pedir” direitos sociais ao ditador Getúlio Vargas?
Qual o Brasil esperado pelo governo americano nos tempos da II Guerra Mundial?
Qual Brasil interessava ao cinema de Nelson Rockfeller, da rko, que delegou a Welles a tarefa de filmá-lo?
Com que Brasil sonhavam os representantes da imprensa brasileira que viram chegar Welles?
Que Brasil apareceu na montagem executada por antigos e novos protagonistas que finalizaram o filme imaginado e iniciado por Orson Welles?
Márcia Juliana Santos pensou, chafurdou sobre tudo isso, e tem algumas respostas em “It´s all true e o Brasil de Orson Welles”.
Boa viagem...
Berenice Abreu
Sobre a autora: Márcia Juliana Santos Pós doutora pelo Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Possui Doutorado e Mestrado em História Social pela Puc--SP. É licenciada pela Universidade Federal do Ceará. É autora de livros didáticos na área de História. Pesquisadora e docente na área de História e Cinema.Tem experiência docente no Ensino Médio em História e Atualidades.
_________________________________
Sumário:
PREFÁCIO - 9
INTRODUÇÃO - 13
CAPÍTULO 1 - It's All True: para começo de história - 29
Uma memória em construção - 29
Um olhar sobre o documentário It's All True (1993) - 44
As referências e as influências de Welles para o cinema brasileiro - 52
CAPÍTULO 2 - Cidadão Welles: de Hollywood ao Brasil (194I-1942) - 71
Cidadão Kane: técnica e revolução no cinema - 71
Orson Welles, em cena e cartaz no Rio de Janeiro (1942) - 78
O embaixador do cinema, entre a cordialidade e a conciliação - 107
CAPÍTULO 3 – Jangadeiros - 129
A aventura de Orson Welles em Fortaleza (I942) - 129
O retorno de Orson Welles à Fortaleza cinquenta anos depois - 149
A TENTATIVA DE FINALIZAR UMA ODISSEIA - 161
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - 167
AGRADECIMENTOS - 185
***
- Medida: Altura: 01cm, Largura: 14cm, Comprimento: 21cm
- Páginas: 192 páginas
- Peso: 330 g