Amarcord, de Paulo Roberto Ramos

Recordações de caminhos, filmes e salas de cinema

Nada das coisas que esquecemos se perde para sempre. Elas vão parar na Lua segundo um antigo poema italiano, onde lá permanecem hoje. Se pudéssemos viajar até lá certamente poderíamos encontrar esses rostos, objetos e, quem sabe, numa das inúmeras crateras lunares, antigas salas de cinema.

As histórias de nossas vidas, ensina Ecléa Bosi, estão cheias de coisas esquecidas que daríamos tudo para encontrar mais uma vez. São elas que sustentam nossa identidade e perdê-las é perder nossa alma. As vozes que o leitor encontrará aqui, oriundas das rememorações afetivas de velhos sobre o cinema em São Paulo, buscam recuperar histórias de um tempo e de uma cidade, caso se proponha a “assistir” a esta obra cinematográfica que se projeta sobre as folhas deste Amarcord- recordações de caminhos, filmes e salas de cinema, de Paulo Roberto Ramos.

Bosi viu neste texto de seu orientando uma declaração de amor à cidade de São Paulo. Foi através desse olhar cheio de afeto que Ramos procurou, à sua maneira, responder a uma questão colocada pela autora de Velhos amigos: será que alguém recolhe o que voa no vento, aquilo que, para muitos, pode não parecer importante, e o transforma em poesia?

Sobre o Autor:

Paulo Roberto Ramos tem doutorado em psicologia social e pós-doutorado em literatura brasileira, ambos pela Universidade de São Paulo. É autor de Memórias do cárcere: da literatura ao cinema, lançado em 2019 pela Alameda.

Sumário

Apresentações        09

Cinema, sonho e memória – Maria Inês Assumpção Fernandes 09 | O cinema e suas memórias: a realidade da ilusão – Olgária Matos 11

Introdução        17
Sujeitos 21 | Questões de método 24

Apontamentos sobre a história do cinema na cidade de São Paulo       29
A diversão das imagens animadas – notas sobre o nascimento do cinema 30 | Desenvolvimento do mercado cinematográfico na cidade de São Paulo 37 | Diversões paulistanas 40 | Surgimento e evolução do cinema em São Paulo 43 | A hora e a vez da cinelândia: (anos 40 e 50) 48 | Tempos de crise 52 | A presença do cinema estrangeiro 57

Lembrança de idosos – Análise dos depoimentos      69
Os filmes de ficção de longa metragem 70 | Os filmes italianos 85 | A presença do cinema brasileiro 87 | O documentário 98 | Os filmes e aqueles que vieram de longe 101 | A política nas telas, nas salas... 116 | Cinema e o público masculino e feminino 124 | Salas, caminhos de cinema e outros espaços da cidade 127 | Cinema e matéria da recordação 139 | Rememorações de uma cidade gentil 143 | Atores, estrelas e diretores 151 | O cinema como acontecimento e o tempo de espera 161 | O cinema e o princípio da esperança 165

Epílogo       179
Bibliografia 195 | Agradecimentos 213