
Moda e Ironia em Dom Casmurro
Referência: 978-85-7939-029-6
A escrita de Machado através do vestuário
O psicanalista inglês John Carl Flügel (1884-1955) dizia que o uso de roupas em seus aspectos psicológicos se assemelhava ao "processo pelo qual um sintoma neurótico se desenvolvia". Nada mais verdadeiro para Joaquim Maria Machado de Assis. Em seus romances, as roupas nos falam das personagens mais do que terapeutas. Elas são reflexos quase exatos de emoções ou características que certamente serão ou foram desenvolvidas pelo escritor. Assim, na primeira aparição da protagonista de Dom Casmurro, Capitu está com os sapatos simples de "duraque" costurados por ela mesma. Nessa pequena descrição de Machado esconde-se todo um mundo, da mesma maneira que em cada roupa, trajes e adereços das personagens ocultam as brincadeiras literárias, os jogos de luz, sombra e ironia do romance.
Moda e ironia em Dom Casmurro nos aproxima da relação entre moda e literatura. Através das descrições dos vestuários é possível perceber os primeiros passos da expansão capitalista global no final do século XIX, quando a sociedade de consumo ainda estava se formando. Geanneti Tavares Salomon traz para o leitor a sociedade brasileira em transição do final do século XIX observada pela capacidade incomparável de Machado de Assis.
Sobre a autora: Geanneti Tavares Salomon é doutora em Letras: Estudos literários (UFMG - 2019), mestre em Literaturas de Língua Portuguesa (Puc/Minas - 2007), graduada em Letras (Puc/Minas - 2005). Cursou Estilismo e Modelagem do Vestuário (UFMG - 1992). Possui experiência profissional em Criação, Produção de Moda e Figurino. Atualmente leciona nos cursos de graduação do Centro Universitário Uma, em Belo Horizonte.