O Jogo da Reinvenção, de Cecília Sayad
Diretor de roteiros incorporando sua própria produção, Charlie Kaufman é o tema de O jogo da reinvenção. A partir do final da Segunda Guerra Mundial, a denominação de “autor” cinematográfico passou a designar o diretor, independentemente de ele ter produzido o roteiro. Escritor-estrela numa indústria cujos carros-chefes são cineastas ou autores, Kaufman é uma figura tão deslocada quanto os personagens de sua trama.
Charlie Kaufman nasceu em 1958 em Long Island, nos Estados Unidos, e estudou cinema na Universidade de Nova York. Após uma temporada no departamento de circulação do jornal Star Tribune, em Mineápolis, mudou-se para Los Angeles, na Califórnia. Pouco depois, com a estréia de Quero ser John Malkovich, foi consagrado como escritor “ousado” na indústria cinematográfica. Não é de surpreender que Kaufman estréie agora na direção de seu próprio roteiro com Synecdoche, New York.
Existe em Kaufman uma contradição entre o desejo de habitar um outro corpo e a capacidade de falar apenas sobre si mesmo, observado em temas que definem suas parcerias como com Jonze em Quero ser John Malkovich (1999) e Adaptação (2002). O embate entre a clausura e a expansão do eu tensionando em seu próprio corpo resulta em obras como A natureza quase humana (2001) e Brilho eterno de uma mente sem lembranças.
O jogo da reinvenção é uma busca em torno dos processos de criação de Charlie Kaufman. Seja pelas suas alegorias ou pelas criativas formas de seus enredos. O livro de Cecília Sayad promove uma reflexão sobre o espaço inusitado do roteirista cuja obra é caracterizada pela transgressão das normas clássicas, criando um sentido peculiar ligado a sua visão de mundo e a estética de seus filmes.
ISBN: 978-85-98325-72-9