As formas da traição

As formas da traição

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A presença apagada da Abolição no Memorial de Aires, cujo enredo se situa nos anos de 1888 e 1889, tem dado margem à ideia de que Machado de Assis, em seu último romance, não trata de questões histórico-sociais, mas apenas de aspectos da vida particular. Para alguns, o recolhimento da obra a um ambiente doméstico aparentemente idealizado e desprovido de contradição assinala uma reconciliação bem-vinda do grande escritor com a vida. Outros viram no confinamento do universo ficcional aos assuntos privados de um pequeno grupo de ricos uma confirmação do suposto desinteresse de Machado pelo movimento abolicionista e pelo fim da escravidão. De um modo ou de outro, o Memorial de Aires costuma ser visto pela crítica, salvo raras exceções, como um livro alheio à história. Por meio de um cuidadoso trabalho de análise literária, Pedro Fragelli realiza, em As formas da traição, uma leitura radicalmente oposta às interpretações tradicionais do Memorial de Aires. Procura demonstrar, sobretudo, baseando-se nos estudos machadianos de Roberto Schwarz e John Gledson, a presença inequívoca e decisiva da matéria histórica em todos os níveis compositivos do romance na parcialidade do ponto de vista narrativo, nas personagens incertas, nos vaivéns do estilo, no enredo abafado , nas contradições da forma. Como resultado, verifica-se que Machado de Assis, no final da vida, continua atento aos processos sociais brasileiros e elabora, em seu último romance, uma crítica tão sofisticada quanto devastadora do significado histórico-social da abolição da escravatura no Brasil. As formas da traição permite constatar, portanto, que o Memorial de Aires representa, no contexto da obra madura de Machado de Assis, quanto à qualidade artística e à radicalidade política da literatura machadiana, não um recuo, mas uma consumação e que o romance tardio de Machado, relativamente esquecido à sombra das Memórias póstumas de Brás Cubas e de Dom Casmurro, constitui, ele também, uma obra-prima.

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