O voto e a vida: democracia, populismo e comunismo nas eleições de 1954 e 1962 em São Paulo, de Murilo Leal
A historiografia do trabalho no Brasil conta com algumas poucas e honrosas incursões bem sucedidas na história sobre a participação e o comportamento eleitorais dos trabalhadores entre o final da Segunda Guerra Mundial e o golpe de 1964, mas até O voto e a vida não havia produzido nada tão sistemático e profundo quanto este livro.
O voto operário e popular, mais que uma manifestação individual, só pode ser bem compreendido se o procurarmos para além das urnas, ao rés (na raiz) da vida nas fábricas, nos bairros, nos sindicatos, nas assembleias, nos comícios,
nas organizações de mulheres, nas manifestações coletivas, na expectativa de dias melhores, na contabilidade árida da economia doméstica e, enfim, na argila do cotidiano com que trabalhadoras e trabalhadores dão forma às suas experiências.
Quais foram as possibilidades, os limites e os alcances da democracia, do populismo, do trabalhismo e do comunismo nas décadas de 1950 e 1960?
Para responder a estas e tantas outras questões é que o autor reduz sua escala de observação. As eleições de 1954 e 1962 para o governo do estado de São Paulo, a Câmara Federal e a Assembleia Legislativa são seus laboratórios, não sem antes circunscrever o foco da investigação à participação eleitoral de metalúrgicos e têxteis da cidade de São Paulo, assim como de moradores de dois bairros paulistanos, Vila Matilde e Vila Brasilina.
Fernando Teixeira da Silva
Professor Livre-Docente do
Departamento de História da Unicamp
SOBRE O AUTOR: MURILO LEAL é bacharel e licenciado em História pela Universidade São Paulo (1989), onde fez também o mestrado e o doutorado. Atualmente é professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), integrando o Eixo “Compreensão da Realidade Brasileira e as Relações Internacionais” no Campus de Osasco.