Identidades políticas e raciais na Sabinada, de Juliana Serzedello
(Bahia, 1837-1839)
Temos assistido a uma salutar renovação na historiografia dedicada ao estudo sobre as revoltas ocorridas no século XIX, protagonizadas por setores que não constituíam a elite política, social ou econômica da época.
Os historiadores agora voltam sua atenção para as camadas da população que não eram escravas nem proprietárias e que durante muito tempo foram relegadas a um segundo plano. É nesta nova historiografia que se insere o livro de Juliana Serzedello sobre a revolta da Sabinada, ocorrida na Bahia entre 1837 e 1838.
Na primeira metade do século XIX, estes eram fenômenos relacionados ao processo de construção do Estado e, portanto, também de uma identidade nacional. Estavam relacionados tanto ao debate do perfil de Estado como à definição do que era ser brasileiro.
No que diz respeito à constituição da identidade nacional, a autora enfrenta um tema sensível em um país onde por tanto tempo perdurou o mito da democracia racial, de um lado, e, de outro, a tese, mais contemporânea, considerada politicamente correta, da existência de um racismo sem peias e sem especificidade. Em uma sociedade onde a escravidão africana era universal, a questão racial era inescapável. E, como demonstra a autora, esteve presente na Sabinada.