
O iluminismo escocês, org. de Pedro Paulo Pimenta
Esta coletânea reúne, pela primeira vez em português, textos filosóficos produzidos na Escócia do século XVIII.
O século XVIII, ou “Século das Luzes”, ocupa um lugar de destaque na história da filosofia. Essa alcunha sugere um pensamento unificado por linhas de reflexão comuns a diferentes filósofos e pelo anseio de “ilustrar” ou “esclarecer” os homens quanto às possibilidades e limites do uso de sua razão. Essa imagem é forjada pela primeira vez com todas as letras por Kant, que redige um manifesto das Luzes – O que é a ilustração? – publicado em 1783, quando esta já tivera o seu auge. Esse descompasso, entre o fato histórico e a tomada de consciência sobre ele, geralmente é explicado pela posição periférica da Alemanha na Europa de então.
Em outra região periférica da Europa, também atrasada e pobre, a Escócia, encontraremos outro centro de reverberação (tardia) da filosofia das Luzes. Por mais inusitado que pareça, houve de fato algo como um “Iluminismo escocês”, se entendermos por isso um debate em torno de idéias e doutrinas que mobiliza diferentes autores dispostos a discutir entre si e a rever suas posições nesse processo.
Embora a recepção dos filósofos escoceses dependa em grande parte de sua projeção no mercado editorial sediado em Londres – nessa medida, a filosofia escocesa é sobretudo britânica –, as doutrinas esposadas por cada autor têm em comum, a despeito de importantes divergências, uma originalidade e um vigor que já não encontram par na Inglaterra, onde a vitalidade do mundo literário não redunda no fortalecimento da filosofia. Basta lembrar que, quando nos referimos à filosofia “inglesa” do século XVIII, vêm-nos à mente os nomes de Locke (inglês), Berkeley (irlandês) e Hume (escocês).
Mas quem são os sucessores ingleses dessa tradição? O que há em Londres é uma intensa fermentação literária que, entretanto, não dá frutos filosóficos. É na Escócia que se produz a melhor filosofia de língua inglesa da segunda metade do século, numa cena variada e de fôlego surpreendente. Neste volume, o leitor encontrará o melhor da tradição filosófica escocesa e, em meio a muitos textos inéditos em nossa língua, outros em nova tradução.
Gildo Magalhães
Sobre o organizador: Pedro Paulo Pimenta é professor de Filosofia Moderna no Departamento de Filosofia da FFLCH/USP, autor de Reflexão e moral em Kant (Azougue, 2004) e A linguagem das formas (Alameda, 2007).
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SUMÁRIO:
APRESENTAÇÃO - 7
por Pedro Paulo Pimenta
JAMES BEATTIE - 15
Do estilo; Da exibição das paixões em olhares e gestos
HUGH BLAIR - 33
Do surgimento e progresso da linguagem e da escrita;
Natureza da poesia
GEORGE CAMPBELL - 61
Da relação que a eloquência tem com a lógica e a gramática;
Natureza e poder dos signos
ADAM FERGUSON - 81
Do estado de natureza; Do luxo
ALEXANDER GERARD - 101
Do refinamento no gosto;
A que faculdade da mente pertence o gênio
DAVID HUME - 123
Três perfis; Da autenticidade dos poemas de Ossian
FRANCIS HUTCHESON - 145
Dos poderes de percepção distintos da sensação;
Do sentido moral
LORDE KAMES - 167
Nosso apego a objetos de angústia; Crença
JAMES MILLAR - 189
A condição das mulheres e o cultivo das artes e manufaturas;
Consequências políticas da escravidão
LORDE MONBODDO - 209
Da invenção da linguagem; Cartas sobre o sânscrito
THOMAS REID - 235
Da visão
WILLIAM ROBERTSON - 259
Do progresso da ciência e do cultivo da arte literária;
Descricão da América
ADAM SMITH - 285
Das origens da filosofia; A eloquência inglesa;
Da afinidade entre as artes da música, da dança e da poesia
SOBRE OS TRADUTORES 307
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- Medida: Altura: 01cm, Largura: 16cm, Comprimento: 23cm
- Páginas: 308
- Peso: 420 gramas