A transição para a democracia no Brasil (1943-1956), de David Ricardo Sousa Ribeiro
O PCB e a construção de um caminho alternativo
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Há dois clichês problemáticos na memória sobre o primeiro governo Vargas. O primeiro é ler todo o período que vai de 1930 a 1945 a partir do “desfecho” golpista de 1937, como se este destino já estivesse traçado nos eventos anteriores. O segundo é analisar a queda de Vargas em 1945 como uma súbita guinada liberal-democrática das elites civis e militares brasileiras contra a ditadura varguista.
O livro de David Ribeiro enfrenta, com criatividade e erudição, este segundo ponto. O ano chave de 1945 é analisado como ponto de tensão entre os anos imediatamente anteriores e posteriores, demonstrando que o processo de democratização que delineou a República de 46, com seus avanços e limites, teve como elementos fundamentais a presença da classe operária e do Partido Comunista, minimizados pelas interpretações sobre o fim do Estado Novo. Ao traçar os detalhes
deste processo aberto e conflitivo, David Ribeiro mergulha em um dos momentos mais intensos da nossa história política.
Marcos Napolitano
Professor titular de História do Brasil da Universidade de São Paulo
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Não são óbvios os caminhos percorridos por David Ricardo Sousa Ribeiro em sua tese sobre a formação do regime democrático no Brasil pós-Estado Novo. Ribeiro vale-se de ampla investigação historiográfica a fim de descobrir, junto ao leitor, os menos consagrados meandros que permearam a transição entre o fim da ditadura de Vargas e o início da democracia, pontuada pela realização das eleições de 1945 e da Assembleia Constituinte.
A obra é uma alternativa, nas Ciências Humanas, ao pensamento predominante de que apenas conservadores e liberais disputaram o controle da democratização naquele período. Ribeiro traz à tona o PCB e os movimentos sociais, deslocando o foco para setores da sociedade historicamente sub-representados.
O livro contempla desde o período anterior à Constituinte, apresentando figuras relevantes da política nacional – especialmente do “Partidão” – e apontando para o fato de que os pecebistas nunca estiveram dispostos a renunciar a seu projeto de democracia.
Fica evidente a relevância da mobilização civil promovida por essas forças marginalizadas da sociedade durante todo o processo.
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Sumário
Introdução – O restabelecimento da crise de hegemonia e o início da democratização, 7
Parte 1 – A democratização sob controle de Vargas (outubro. 1943 a fevereiro. 1945), 45
1. O ingresso do PCB no conflito pelo controle da democratização, 53
1.1 União Democrática Nacional: as contrapartidas pecebistas, 86
2. União, Democracia e Progresso: a expectativa do PCB em relação à democracia, 95
2.1 A disputa pela definição da verdadeira democracia, 109
2.2 O projeto de nação pecebista, 124
Parte 2 – A intensificação do conflito pelo controle da democratização (fevereiro. 1945 a dezembro. 1945), 145
3. O projeto de democratização pecebista, 151
3.1 Organizar o povo para a democracia, 183
4. A Frente Ampla e o “queremos” pecebista, 221
4.1 O golpe Civil-Militar de 1945, 267
Parte 3 – A democratização sob controle das forças conservadoras (janeiro. 1946 a maio. 1947), 295
5. A onda de greves e o partido que precisava se fazer entender, 301
5.1 A almejada Constituinte: entre a expectativa e a realidade, 340
6. Democratização via coerção, 355
6.1 Novas restrições impostas “em defesa da democracia”, 386
Considerações Finais, 411
Referências, 419
- Páginas: 434
- Medida: Altura: 02cm, Largura: 14cm, Comprimento: 21cm
- Peso: 500 g