As prisões de São Paulo, de Felipe Athayde Lins de Melo
As prisões de São Paulo: Estado e mundo do crime na gestão da “reintegração social”, de Felipe Melo, tem como foco descrever os problemas e conflitos da Administração Penitenciária. O autor narra conflitos e tensões entre diferentes modos de operar uma prisão; acompanha egressos prisionais em suas trajetórias pós-cumprimento de pena e desvela as formas atuais de uma antiga estratégia de gestão das pessoas: o encarceramento.
Polêmico, este trabalho demonstra que “lá dentro” não está uma massa amorfa, mas sujeitos devidamente identificados e caracterizados pelas políticas estatais de contenção e, quem sabe, eliminação de corpos.
Se os textos de Michel Foucault, já clássicos para os estudos sobre o tema, apontaram as funcionalidades da prisão enquanto instituição para o gerenciamento da população, o que este trabalho nos mostra, amparado, inclusive, pelas leituras e interpretações do filósofo francês, é que a prisão está longe de ser algo secundário ou, nos dizeres midiáticos, uma instituição falida. Longe disso, a prisão ocupa o centro da gestão política das sociedades contemporâneas e, no caso do estado de São Paulo, o crescimento massivo do encarceramento se realiza como elemento primordial do dispositivo governamental.
Este livro nos faz encarar uma dura e obscura realidade. Hoje, a “reintegração social” das pessoas encarceradas é operada muito mais como um discurso, no qual participam, por aproximações e distanciamentos, o Estado e o mundo do crime.
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Sobre o autor: Felipe Athayde Lins de Melo, paulistano, filho de migrantes nordestinos perseguidos pelo regime militar, transitou por diferentes espaços. Morou em nove cidades, graduou-se em Filosofia pela Unesp, especializou-se em gestão do terceiro setor no Mackenzie e trabalhou em diferentes segmentos do chamado campo do “desenvolvimento social”. Entre 2004 e 2012 foi gerente e superintendente de uma fundação pública que lida com políticas prisionais em São Paulo, experiência que o levou ao mestrado em Sociologia na UFSCAR, cuja dissertação deu origem a este livro. Atualmente é aluno do Programa de Doutorado em Sociologia, também na UFSCAR.
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SUMÁRIO:
Prefácio - 9
Apresentação - 15
Introdução - 21
I – Definições preliminares - 31
Percurso metodológico: um gestor público e a descoberta de um campo de pesquisa - 33
O problema frente ao campo teórico - 49
II – A pesquisa em movimento - 77
Cenário de inserção: dinâmicas do sistema prisional paulista - 79
Sujeito de pesquisa: o monitor preso de educação - 91
Segurança e disciplina - 113
O “tratamento penitenciário” e as ambivalências do “controle do crime”: o programa de educação nas prisões em disputa - 127
III – Egressos prisionais: dois interlocutores - 141
“A escolha” - 143
Mão branca - 149
IV – Diego - 155
Uma vida na prisão: primeiro ato – Educador - 157
Primeiro reencontro: relato de Diego sobre sua nova prisão - 165
Uma vida na prisão: segundo ato – Ambivalências - 171
Uma vida na prisão: terceiro ato – Seguro e ascensão - 177
A “reintegração”: Diego e o mundo do crime - 183
Diego, Anderson e Mário: o que “segura”? - 191
V – Apontamentos finais - 209
Das fontes bibliográficas - 213
Consequências das diretrizes político-institucionais da administração penitenciária na vida dos monitores presos de educação - 217
“Reintegração Social” e “Reincidência Criminal”: uma compreensão empírica frente à normatividade - 221
Bibliografia - 225
Agradecimentos - 235
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- Medida: Altura: 01cm, Largura: 16cm, Comprimento: 23cm
- Páginas: 238 páginas
- Peso: 320 gramas