A história de Filipa de Lencastre, de Leda Beck
e seu papel como agente político-cultural e membro de uma dinastia feminina
Philippa of Lancaster, ou Dona Filipa de Lencastre, como a conhecem os portugueses, foi a “flor de Albion” cantada por ingleses, franceses e portugueses.
Integrante de uma importante família da aristocracia britânica, era uma das Senhoras da Jarreteira, o ramo feminino da famosa ordem; apreciava e patrocinava a literatura, especialmente a então nascente literatura vernacular; e conviveu de perto com alguns dos principais autores da época, sobretudo Geoffrey Chaucer e John Gower, que frequentavam a rica corte de seu pai.
Em 1387, Filipa tornou-se rainha de Portugal. Interessada na cultura e na política de seu tempo, lançaria as bases de uma dinastia patrona das artes, assim como seria central para o início da expansão marítima portuguesa, um dos mais importantes empreendimentos dos séculos XV e XVI, pois transformador das configurações espaciais e culturais da sociedade ocidental.
É esta história que Leda Beck se propõe contar. Com diligência, a autora percorre desde a cultivada infância de Filipa até seu amadurecimento político e, ao comparar fontes de origem e natureza diversas, demonstra como as mulheres medievais podem ser encontradas para além do quarto de tear.
Ao encomendarem, lerem e receberem livros como herança, mulheres das casas de Hainault, Lencastre e Avis foram uma pedra angular na promoção da literatura em idiomas locais, bem como na transição de uma sociedade feudal para o mercantilismo. Sem dúvida, esta obra traz uma inovadora perspectiva sobre a dinastia de Avis e as relações entre Portugal e Inglaterra no final da Idade Média e início da Idade Moderna.
Rossana Pinheiro-Jones
Professora de história medieval e escritora
SOBRE A AUTORA: Leda Beck é jornalista e tradutora. Trabalhou em vários órgãos da mídia corporativa, de Veja a Jornal do Brasil e Estadão, para o qual foi correspondente no Vale do Silício, na Califórnia. Nos 15 anos que lá viveu, fez o mestrado em Humanas na Universidade Stanford, do qual resultou a dissertação que gerou este livro.