Em versos e shortcuts – registros feitos como num diário íntimo –, a narradora atravessa seus afetos e vazios recorrentes, entre o drama, a nostalgia e o humor ainda que contido, mais irônico que desbragado.
Aqui a filha se torna mãe e continua a carregar a adolescente que foi, namorados e maridos se confundem, e mesmo que as paisagens se modifiquem, entre o sul, a metrópole e o estrangeiro, o lugar interior permanece, a angústia persiste no passar da década.
Anotar parece a saída, em “bilhetes amarelos, laranjas e rosas espalhados pelo carro, na agenda, grudados no computador para não desperdiçar as ideias.” Anotar acasos, enganos, lembranças, dores e desejos.
Joselia Aguiar
Sobre a autora: Patrícia Berton nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em 1971. Formou-se em jornalismo e mudou-se para São Paulo em 1995, onde trabalhou em inúmeras redações – Folha de S. Paulo, Gazeta Mercantil, SBT, UOL, Rede Globo, Editora Abril, Editora Globo. Escreve poemas desde sempre, mas até então todos estavam bem guardados no fundo do armário e só tinham sido lidos por uma pessoa.