São Paulo cidade azul
Ensaios sobre as imagens da cidade no cinema paulista dos anos 1980
Espaço em que diferentes sujeitos vivem sua experiência do cotidiano, a cidade é também acervo de imagens que se constroem ao longo da história, que se preservam na memória coletiva e são apropriadas pela memória individual. Imagens que de diversos modos ativam o imaginário sobre este espaço e que os cineastas, por sua vez, nos devolvem, construindo novas imagens. O que os filmes escolhidos por Andréa Barbosa teriam a dizer sobre a São Paulo dos anos 1980?
Escrita numa linguagem poética, inspirada pelas imagens e sensações evocadas pelos filmes em que se debruça, a análise de Andréa dá maior complexidade ao olhar antropológico, uma vez que busca decifrar a reapresentação da cidade feita por esses cineastas paulistas dos anos 1980. Cinema e mito podem aqui ser vistos como modos semelhantes de lidar com o tempo e suprimi-lo.
Nos filmes, realidade e experiência são recriados. Ao andarmos pela cidade, também recriamos nossa relação com o espaço urbano, contemplamos simultaneamente as diversas paisagens que a cidade oferece e que instigam ou acalmam a alma interior. Ao percorrer a São Paulo que estes filmes descortinam, a carioca Andréa transforma essa cidade fílmica em um mundo etnográfico, onde são inúmeros os enigmas. A São Paulo que ela descobre nos filmes é uma São Paulo Azul, uma cidade noturna, em que o trabalho parece não ter vez, são muitos os submundos, pequenas joias podem surgir de um amontoado de lama, imagens de ordem e poder parecem virar panos de fundo para becos, ruelas, espaços de contravenção.
A cidade tem corpo e pelas lentes da câmera é enquadrada; há um primeiro plano, planos gerais, uma cidade que em alguns de seus fragmentos é espetacularizada, em outros estereotipada, em outros vivida com afeto na vida de cada um. No cinema estes espaços adquirem uma dimensão temporal e podem ecoar em nosso imaginário, onde a cidade vivida se mescla a uma cidade imaginada ou sonhada. É essa cidade que Andréa procura desbravar neste livro, que certamente encantará seus leitores.
Sobre a autora: Andréa Barbosa é antropóloga, professora do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Paulo/Unifesp, onde coordena o VISURB – Grupo de Pesquisas Visuais e Urbanas. Publicou os livros Escrituras da Imagem (Edusp, 2004), Antropologia e Imagem (Zahar, 2006) e Imagem-Conhecimento (Papirus, 2009). Como documentarista dirigiu os filmes O resto é o dia a dia (2001), No canto dos olhos (2006), Em(si)mesma (2006, Prêmio da Associação Brasileira de Documentaristas no Festival Internacional do filme Etnográfico) e Caminhos da Memória: Miriam Moreira Leite (2007).
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SUMÁRIO:
Prefácio – 9
Introdução - 29
Ver, olhar e enxergar a cidade de São Paulo através de imagens
Capítulo 1
O cinema da cidade ou a cidade do cinema - 45
Capítulo 2
Antropologia da cidade cinematográfica - 79
Capítulo 3
Sete filmes a procura de uma cidade - 95
Capítulo 4
A cidade e o tempo ou São Paulo é azul - 117
Capítulo 5
Ronda: espaço experiência e memória - 145
Capítulo 6
Anjos e Outsiders - 183
Capítulo 7
Memória canibalizada - 213
Bibliografia - 227
Filmografia - 241
Agradecimentos - 251
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- Páginas: 256 páginas
- Peso: 300 gramas