Trote e totalitarismo: um novo relato sobre a banalidade do mal
Felipe Scalisa Oliveira
Este livro traz uma ampla perspectiva sobre as violências sofridas por estudantes na Faculdade de Medicina da USP, articulando relatos da experiência individual de Scalisa na universidade, depoimentos cruciais coletados ao longo da CPI dos Trotes e uma extensa análise sobre o caráter dessas práticas e sua relação com a teoria arendtiana da banalidade do mal e do totalitarismo.
Scalisa aborda em seu texto os episódios mais emblemáticos dos trotes, como o assassinato do estudante Edson Tsung em 1999, os casos de abuso sexual ocorridos ao longo dos anos 2010, e a violência intrínseca a organizações como a Atlética e o chamado ‘Show Medicina’.
Além disso, um dos pontos talvez mais impressionantes de todo esse movimento é a retomada da tradição de violência, trotes e torturas presentes na Faculdade de Medicina da USP desde sua fundação, envolta pelo movimento eugenista paulistano e evidente na forma como a instituição, professores e ex-alunos acobertavam os mais diversos casos de violência relatados dentro dos trotes, festas e outros eventos universitários.
A leitura do livro de Scalisa é fundamental para entendermos a forma como essa cultura de violência extrema se faz ao longo de décadas nas faculdades de medicina do Estado de São Paulo, para que possamos combatê-las e encará-las com a devida gravidade que o tema demanda. (Adriano Diogo)
Sobre o autor: Felipe Scalisa Oliveira é médico formado pela Universidade de São Paulo e especialista em educação médica. Produziu esta obra ao longo de sua graduação em Medicina após a CPI dos trotes de 2015, da qual foi testemunha e colaborador.
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SUMÁRIO:
PRÓLOGOS – 9
I - Apresentação do livro – 11
II - Trote: muito além da banalidade - 19
III - Entre drama e dromos - uma leitura de Trote e Totalitarismo: um novo relato sobre a banalidade do mal - 25
INTRODUÇÃO – 29
I - As Veias Abertas da Faculdade de Medicina: a Experiência Totalitária - 31
II - Compreendendo as Experiências: o Método Arendtiano - 69
III - Os Problemas do Conceito de Totalitarismo e Sua Inevitabilidade - 83
TERROR – 93
1 - O Trote - 95
1) A Essência do Trote - 95
2) As Fases do Trote - 111
II - O Desamparo - 127
1) A Formação dos Movimentos Totalitários - 127
2) O Vestibular - 140
3) A Integração – 150
FICÇÃO - 163
I - Ficção: Contornos do Conceito - 165
1) O que é Ficção? - 165
2) A Verdade Factual - 172
3) A Vontade de Mentira - 175
4) A Negação - 180
5) O Vestibular Justo - 186
II - Os Delírios do Movimento - 193
1) O Espírito da Faculdade e o Supremacismo - 193
2) Megalomania e Orgulho - 200
III – Paranoia - 221
1) Paranoóia e Totalitarismo - 221
2) A Vítima como Inimigo Comum - 227
MOVIMENTO - 245
I - A Cinética do Movimento - 247
1) Os Movimentos Buraco Negro - 247
2) Da Diferença entre Fascismo e Totalitarismo: o Pertencimento Acima de Tudo - 253
3) A Estrutura Universitária e a Formação dos Movimentos Tribais - 259
II - As Atléticas - 267
III - A Tradição - 289
1) Os Movimentos Tribais nas Universidades e o Fanatismo pela "Tradição" - 289
2) A "Tradição Universitária e o Imperativo Categórico Totalitário - 295
3) A Vontade do Movimento e a "Tradição" - 305
4) O Princípio do Líder e a Perda da Autoridade - 321
IV - Vontade e Movimento - 333
1) O Sacrifício da Vontade e o "let yourself go" - 333
2) A Onda em Nietzsche e a Unificação da Vontade - 358
3) O Amor em Santo Agostinho: Amo: volo ut sis - 366
4) Ódio Totalitário: Odi: nolo ut sis - 375
5) Um Novo Relato sobre a Banalidade do Mal - 391
Conclusão – 403
Referências bibliográficas – 413
Agradecimentos - 429
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- Medida: Altura: 03 cm, Largura: 16cm, Comprimento: 23cm
- Páginas: 432 páginas
- Peso: 620 gramas