
Á roda de Brás Cubas, de Daniele Maria Megid
Referência: 9788577510917
- Páginas: 176 páginas
- Medida: Altura: 02cm, Largura: 16cm, Comprimento: 23cm
- Peso: 390 gramas
À RODA DE BRÁS CUBAS
Literatura, ciência e personagens femininas em Machado de Assis
Por Daniele Maria Megid
UM MACHADO DE COMBATE
A retomada das discussões sobre as Memórias póstumas de Brás Cubas – o romance machadiano tão estudado nos últimos anos, no Brasil e alhures – merece reconsideração essencial. Este livro de Daniele Megid não é mais de caminho ou fundamento literário, ou de crítica literária, mas o de uma jovem e competente historiadora, que recupera o contexto intelectual de debates e embates da Revista Brazileira, na qual Machado de Assis publicou diversos textos e o romance saiu pela primeira vez como folhetim em capítulos fragmentados em 1880.
A recuperação desse contexto demandou pesquisa inteligente e circunstanciada dos debates da época, que corriam fora e especialmente nas páginas daquela Revista. Assim, a chamada ´batalha do Realismo´, as contendas correntes no periódico – e, inclusive, suas pretensões sociais, científicas e filosóficas, além de seus eventuais leitores – são esclarecidas. As Memórias póstumas são, então, situadas como a grande ´resposta´ machadiana sobre os temas vivos e debatidos em matéria de literatura, de busca da verdade, das ciências físicas e da política, entre outros. Vê-se por aí que a resposta machadiana levava e não levava a sério o debate brasileiro, mas era o que havia por aqui...
Por esse percurso – até agora quase inexplorado – fica patente que as MPBC não caíram do céu e nem foram simplesmente produto de uma explosão súbita do gênio machadiano. O ´grande salto´ de Machado parece ter surgido de um complexo de tensões sociais, intelectuais e literárias vivido naquele momento histórico e no interior da Revista Brazileira. Certamente explicação mais consistente do que hipóteses biográficas ou outras, que pretenderam – e pretendem – ´explicar´ a passagem da dita ´primeira fase´ à ´segunda´ na obra de Machado. Aliás, bem vistas as coisas, o embate machadiano sobre o processo civilizatório no Brasil, já vinha de antes e durou até o fim de sua vida, em 1908.
Mas não é só isso. Este À roda de Brás Cubas discute outro ´salto´ machadiano, que é o tratamento ou a construção das personagens femininas – as mulheres na nossa sociedade escravista – a demonstrar a independência e inteligência do escritor, ao debochar, envenenar e desmantelar os preconceitos mofados através dos quais eram vistas as mulheres, no Brasil e também no Ocidente supostamente civilizado.
Aí fica, mais uma vez, demonstrado o quanto Machado de Assis era adiantado na nossa periferia semicolonial, sempre a iluminar a dialética do progresso x atraso e as contradições inerentes no processo social brasileiro.
Valentim Facioli
Sobre a autora: Daniele Maria Megid possui graduação e mestrado em História pela Universidade Estadual de Campinas (2009 e 2012). É doutora em História Social pela Universidade Estadual de Campinas, atuando principalmente nos seguintes temas: Imprensa, Machado de Assis e personagens femininas.
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SUMÁRIO:
Agradecimentos - 7
Prefácio - 9
Prólogo: diálogo com um caderno - 13
CAPÍTULO 1
O Realismo em 1878: O início da batalha - 19
1.1. Reconstruindo o debate - 20
1.2. Observando o debate - 40
CAPÍTULO 2
Espaço da contenda: a Revista Brazileira - 47
2.1. Primeiras intenções: o periódico se apresenta - 48
2.2. Ouem lia? Ou: como reconhecer os leitores da Revista Brazileira – 55
CAPÍTULO 3
Literatura, verdade e ciência em Memórias póstumas de Brás Cubas – 71
3.1.0 mundo das letras invade a política - 72
3.2. Os duelos de Machado de Assis na Revista Brazileira - 89
CAPÍTULO 4
A mulher em foco - 119
4.1. Sobre os riscos impostos às mulheres - 123
4.2. De como as mulheres encontravam alternativas - 145
4.3. Um adultério alegórico - 161
Bibliografia - 171
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- Páginas: 176 páginas
- Medida: Altura: 02cm, Largura: 16cm, Comprimento: 23cm
- Peso: 390 gramas