O circuito das roupas, de Joana Monteleone
A corte, o consumo e a moda (Rio de Janeiro, 1840-1889)
Na hierarquia social da corte imperial brasileira de D. Pedro II (1841-1889), vestir-se adequadamente revelava riqueza, poder e influência. Desta maneira, uma parcela da nobreza e também de fazendeiros e negociantes enriquecidos pelo café passou a gastar parte de suas fortunas com roupas e assessórios importados.
O trabalho começa com as comemorações da coroação de D. Pedro II e termina com a o último baile do império, o Baile da Ilha Fiscal. Dois tempos se entrelaçam, o tempo curto da moda, em que as modificações nas vestimentas passaram a ser feitas regularmente ao longo dos anos, e o tempo longo das mudanças da sociedade ocasionadas pelas modificações do capitalismo global e nas importações brasileiras.
A moda no século XIX surge como objeto privilegiado para a pesquisa. Na sociedade burguesa ainda em formação, a moda expunha novas hierarquias sociais, antecipando vontades e tendências culturais, trazendo valores e estilos que dialogavam com os velhos padrões do Antigo Regime, mas que, a pouco e pouco, impunham nova estética e novas etiquetas.
Este livro mapeia quais eram os principais tecidos que entravam no país pelo porto do Rio de Janeiro, de que maneira esses tecidos eram transformados em roupa e, finalmente, vendidos na rua do Ouvidor. Assim, ao estudar o consumo de roupas no Rio de Janeiro imperial, podemos perceber como se caracterizava o nascente capitalismo nacional, dentro das transformações globais ocorridas durante a Revolução Industrial.
Sobre o autor: Joana Monteleone é editora e historiadora, autora de Sabores urbanos: alimentação, sociabilidade e consumo (Alameda Casa Editorial, 2015) e Toda comida tem uma história (Oficina Raquel, 2017). Fez mestrado e doutorado no Programa de História Econômica do Departamento de História da Universidade de São Paulo.
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SUMÁRIO:
Introdução - 9
1. O Rio de Janeiro abre o leque do consumo - 19
As primeiras festas de Pedro II e a revolução dos tecidos - 19
A moda, o comércio e um novo século transformam a vida carioca - 30
Os tecidos importados fazem as roupas na corte - 35
2. Dos tecidos às roupas - 63
Costureiras e lavadeiras: o cuidado com as roupas e o problema do trabalho feminino ligado à feitura das roupas - 63
A história das máquinas de costura no Rio de Janeiro: um anúncio brasileiro vende uma máquina de costura americana - 83
A história da máquina de costura fora daqui - 85
A história da máquina de costura aqui - 96
3. As mulheres no espelho: silhueta feminina e consumo no século XIX - 109
Anquinhas e crinolinas: a silhueta feminina no século XIX - 109
Vestidos de todas as cores para todas as ocasiões - 128
Calças para mulheres: gênero e sociedade no século XIX - 157
A mulher como consumidora - 166
4. Os homens no espelho: novas roupas para dândis, barões e militares - 179
Por todo o século, dândis em preto - 179
Os barões, a política e as casacas - 194
Os militares valsam entre os palácios, a cidade e as fazendas do Vale do Paraíba - 210
5. Viver e mostrar-se em sociedade: o comércio, os acessórios de moda e as festas na corte - 229
Os encantos do consumo numa nova cidade - 229
Ouvidor: uma rua voltada para o comércio de luxo - 240
Chapéus, sapatos, luvas e joias chegam ao Rio - 248
O interessante caso dos sapatos ingleses em pés brasileiros - 254
“Luvas de pelica, camurça e castor. Temos pares para todos os gostos e de todos os preços” - 264
Símbolos de distinção para homens e mulheres: joias e relógios - 268
Vestidos e casacas bailam em festas, saraus e reuniões nos últimos anos do império - 278
Considerações finais - 283
Fontes, livros de memória, relatos de viagem e romances - 285
Referências bibliográficas - 291
Agradecimentos - 303
Anexo - Pequeno dicionário histórico de tecidos – 307
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- Páginas: 336 páginas
- Medida: Altura: 01cm, Largura: 16cm, Comprimento: 23cm
- Peso: 500 gramas