Prêmio Esso, imprensa e ditadura
Sob o Império do Arbítrio trata de uma questão importante do ponto de vista histórico da imprensa brasileira: as complexas relações de poder que se estabelecem entre as empresas jornalísticas e o Estado.
Centrado num dos períodos mais sombrios da história do Brasil, a primeira década da ditadura civil-militar brasileira, analisa a maior instância de consagração e legitimação do jornalismo brasileiro, o Prêmio Esso.
Percebido como estratégia para conferir poder e agendar temas, no período da ditadura, além de orientar os modos como os repórteres deveriam atuar, o prêmio se tornou importante instrumento de constituição das identidades jornalísticas.
Numa análise cuidadosa, o autor apresenta um painel multifacetado da imprensa brasileira nas décadas de 1960/70, tomando os jornalistas como um dos centros da análise, para perceber aspectos que poderiam passar despercebidos sem o olhar arguto com que realiza a pesquisa.
O livro possui muitos méritos. Enfatizo apenas um. Produzir uma interpretação importante sobre a história da imprensa brasileira, desvendando processos encobertos num período sombrio e de trevas, em que exercer a atividade jornalística era uma tarefa, por vezes, de derrubar muros e muralhas, num país que estava envolto sob o signo da ditadura, sob o império do arbítrio.
Marialva Barbosa
Professora Titular da Escola de
Comunicação da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Sobre o autor: Marcio de Souza Castilho é doutor em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e mestre em Comunicação, Imagem e Informação pela Universidade Federal Fluminense (UFF). É professor-adjunto IV do Departamento de Comunicação Social da UFF.